Dúvidas sobre figuras de linguagem? Resolve o simulado de hoje e tire suas dúvidas sobre o assunto!
1. (UNESP/ADAPTADA)
Leia o trecho de uma elegia de Vinicius de Moraes (1913-1980)
para responder à questão.
Elegia na morte de
Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, poeta e cidadão
A morte chegou pelo interurbano em longas espirais
metálicas.
Era de madrugada. Ouvi a voz de minha mãe, viúva.
De repente não tinha pai.
No escuro de minha casa em Los Angeles procurei recompor tua
lembrança
Depois de tanta ausência. Fragmentos da infância
Boiaram do mar de minhas lágrimas. Vi-me eu menino
Correndo ao teu encontro. Na ilha noturna
Tinham-se apenas acendido os lampiões a gás, e a clarineta
De Augusto geralmente procrastinava a tarde.
Era belo esperar-te, cidadão. O bondinho
Rangia nos trilhos a muitas praias de distância...
Dizíamos: “Ê-vem meu pai!”. Quando a curva
Se acendia de luzes semoventes*, ah, corríamos
Corríamos ao teu encontro. A grande coisa era chegar antes
Mas ser marraio** em teus braços, sentir por último
Os doces espinhos da tua barba.
Trazias de então uma expressão indizível de fidelidade e paciência
Teu rosto tinha os sulcos fundamentais da doçura
De quem se deixou ser. Teus ombros possantes
Se curvavam como ao peso da enorme poesia
Que não realizaste. O barbante cortava teus dedos
Pesados de mil embrulhos: carne, pão, utensílios
Para o cotidiano (e frequentemente o binóculo
Que vivias comprando e com que te deixavas horas inteiras
Mirando o mar). Dize-me, meu pai
Que viste tantos anos através do teu óculo de alcance
Que nunca revelaste a ninguém?
Vencias o percurso entre a amendoeira e a casa como o atleta
exausto no último lance da maratona.
Te grimpávamos. Eras penca de filho. Jamais
Uma palavra dura, um rosnar paterno. Entravas a casa
humilde
A um gesto do mar. A noite se fechava
Sobre o grupo familial como uma grande porta espessa.
Muitas vezes te vi desejar. Desejavas. Deixavas-te olhando o
mar
Com mirada de argonauta. Teus pequenos olhos feios
Buscavam ilhas, outras ilhas... — as imaculadas,
inacessíveis
Ilhas do Tesouro. Querias. Querias um dia aportar
E trazer — depositar aos pés da amada as joias fulgurantes
Do teu amor. Sim, foste descobridor, e entre eles
Dos mais provectos***. Muitas vezes te vi, comandante
Comandar, batido de ventos, perdido na fosforência
De vastos e noturnos oceanos
Sem jamais.
Deste-nos pobreza e amor. A mim me deste
A suprema pobreza: o dom da poesia, e a capacidade de amar
Em silêncio. Foste um pobre. Mendigavas nosso amor
Em silêncio. Foste um no lado esquerdo. Mas
Teu amor inventou. Financiaste uma lancha
Movida a água: foi reta para o fundo. Partiste um dia
Para um brasil além, garimpeiro sem medo e sem mácula.
Doze luas voltaste. Tua primogênita — diz-se —
Não te reconheceu. Trazias grandes barbas e pequenas águas-marinhas.
(Vinicius de Moraes.
Antologia poética. 11 ed.
Rio de Janeiro: José Olympio
Editora, 1974, p. 180-181.)
(*) Semovente: “Que ou o que anda ou se move por si próprio.”
(**) Marraio: “No gude e noutros jogos, palavra que dá, a
quem primeiro a grita, o direito de ser o último a jogar.”
(***) Provecto: “Que conhece muito um assunto ou uma ciência,
experiente, versado, mestre.”
(Dicionário Eletrônico
Houaiss)
O barbante cortava teus dedos / Pesados de mil embrulhos:
O emprego da expressão mil embrulhos no verso mencionado
caracteriza-se como figura de linguagem denominada hipérbole, porque
a) é uma imagem exagerada, mas expressiva, do fato referido
no verso.
b) “barbante” aparece personificado, com atitudes humanas.
c) ocorre uma comparação entre um fato real e um fato
fictício.
d) o eu-poemático tenta precisar metonimicamente o que não
é preciso.
e) há uma relação de contiguidade semântica entre “dedos” e
“embrulhos”.
2. (UNIFESP)
O efeito de humor da tira advém,
dentre outros fatores, da
a) ironia, verificada na fala da
personagem como intenção clara de afirmar o contrário daquilo que está dizendo.
b) paronomásia, verificada pelo
emprego de palavras parecidas na escrita e na pronúncia, à moda de um
trocadilho.
c) metáfora, verificada pelo
emprego de termos que podem se cambiar como formas sinônimas no enunciado.
d) metonímia, verificada pelo
emprego de uma palavra em lugar de outra por uma relação de contiguidade.
e) onomatopeia, verificada pelo
recurso à sonoridade das palavras, que atribui outros sentidos ao enunciado.
3. (UFSCAR/ADAPTADA)
Leia o texto a seguir para
responder à questão
— Não refez
então o capítulo? – indagou ela logo que entrei.
— Oh, não,
Miss Jane. Suas palavras abriram-me os olhos. Convenci-me de que não possuo
qualidades literárias e não quero insistir – retruquei com ar ressentido.
— Pois tem de
insistir – foi sua resposta (...) Lembre-se do esforço incessante de Flaubert*
para atingir a luminosa clareza que só a sábia simplicidade dá. A ênfase, o
empolado, o enfeite, o contorcido, o rebuscamento de expressões, tudo isso nada
tem com a arte de escrever, porque é artifício e o artifício é a cuscuta** da
arte. Puros maneirismos que em nada contribuem para o fim supremo: a clara e
fácil expressão da ideia.
— Sim, Miss
Jane, mas sem isso fico sem estilo ...
Que finura de
sorriso temperado de meiguice aflorou nos lábios da minha amiga!
— Estilo o
senhor Ayrton só o terá quando perder em absoluto
a preocupação de ter estilo. Que
é estilo, afinal?
— Estilo é
... – ia eu responder de pronto, mas logo engasguei, e assim ficaria se ela
muito naturalmente não mo definisse de gentil maneira.
— ... é o
modo de ser de cada um. Estilo é como o rosto: cada qual possui o que Deus lhe
deu. Procurar ter um certo estilo vale tanto como procurar ter uma certa cara.
Sai máscara fatalmente – essa horrível coisa que é a máscara ...
— Mas o meu modo
natural de ser não tem encantos, Miss Jane, é bruto, grosseiro, inábil,
ingênuo. Quer então que escreva desta maneira?
— Pois
perfeitamente! Seja como é, e tudo quanto lhe parece defeito surgirá como
qualidades, visto que será reflexo da coisa única que tem valor num artista – a
personalidade.
*Gustave Flaubert (1821–1880),
escritor realista francês considerado um dos maiores do Ocidente.
** planta parasita.
(Monteiro Lobato, O
presidente negro.)
No último parágrafo do texto,
Miss Jane tenta convencer Ayrton fazendo uso de uma figura chamada
a) paradoxo.
b) elipse.
c) ironia.
d) eufemismo.
e) pleonasmo.
4. (FUVEST)
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
A ROSA DE HIROXIMA
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
Vinicius
de Moraes, Antologia poética.
Dentre os recursos expressivos presentes no
poema, podem-se apontar a sinestesia e a aliteração, respectivamente, nos
versos
a) 2 e 17.
b) 1 e 5.
c) 8 e 15.
d) 9 e 18.
e) 14 e 3.
5. (UNIFESP)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
[Sem-Pernas]
queria alegria, uma mão que o acarinhasse, alguém que com muito amor o fizesse
esquecer o defeito físico e os muitos anos (talvez tivessem sido apenas meses
ou semanas, mas para ele seriam sempre longos anos) que vivera sozinho nas ruas
da cidade, hostilizado pelos homens que passavam, empurrado pelos guardas,
surrado pelos moleques maiores. Nunca tivera família. Vivera na casa de um
padeiro a quem chamava “meu padrinho” e que o surrava. Fugiu logo que pôde
compreender que a fuga o libertaria. Sofreu fome, um dia levaram-no preso. Ele
quer um carinho, u’a mão que passe sobre os seus olhos e faça com que ele possa
se esquecer daquela noite na cadeia, quando os soldados bêbados o fizeram
correr com sua perna coxa em volta de uma saleta. Em cada canto estava um com
uma borracha comprida. As marcas que ficaram nas suas costas desapareceram. Mas
de dentro dele nunca desapareceu a dor daquela hora. Corria na saleta como um
animal perseguido por outros mais fortes. A perna coxa se recusava a ajudá-lo.
E a borracha zunia nas suas costas quando o cansaço o fazia parar.
A
princípio chorou muito, depois, não sabe como, as lágrimas secaram. Certa hora
não resistiu mais, abateu-se no chão. Sangrava.
Ainda
hoje ouve como os soldados riam e como riu aquele homem de colete cinzento que
fumava um charuto.
(Jorge Amado. Capitães da
areia.)
O emprego da figura de linguagem
conhecida como “prosopopeia” (ou “personificação”) põe mais em evidência a
principal razão pela qual Sem-Pernas é estigmatizado. O trecho que contém essa
figura é
a) A perna coxa se recusava a
ajudá-lo.
b) Em cada canto estava um com
uma borracha comprida.
c) (...) depois, não sabe como,
as lágrimas secaram.
d) E a borracha zunia nas suas
costas (...)
e) Mas de dentro dele nunca desapareceu
a dor daquela hora.
6. (FUVEST)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Desde pequeno, tive tendência
para personificar as coisas. Tia Tula, que achava que mormaço fazia mal, sempre
gritava: “Vem pra dentro, menino, olha o mormaço!” Mas eu ouvia o mormaço com M
maiúsculo. Mormaço, para mim, era um velho que pegava crianças! Ia pra dentro
logo. E ainda hoje, quando leio que alguém se viu perseguido pelo clamor
público, vejo com estes olhos o Sr. Clamor Público, magro, arquejante, de
preto, brandindo um guarda-chuva, com um gogó protuberante que se abaixa e
levanta no excitamento da perseguição. E já estava devidamente grandezinho,
pois devia contar uns trinta anos, quando me fui, com um grupo de colegas, a
ver o lançamento da pedra fundamental da ponte Uruguaiana-Libres, ocasião de
grandes solenidades, com os presidentes Justo e Getúlio, e gente muita, tanto
assim que fomos alojados os do meu grupo num casarão que creio fosse a
Prefeitura, com os demais jornalistas do Brasil e Argentina. Era como um
alojamento de quartel, com breve espaço entre as camas e todas as portas e
janelas abertas, tudo com os alegres incômodos e duvidosos encantos de uma
coletividade democrática. Pois lá pelas tantas da noite, como eu pressentisse,
em meu entredormir, um vulto junto à minha cama, sentei-me estremunhado* e
olhei atônito para um tipo de chiru*, ali parado, de bigodes caídos, pala
pendente e chapéu descido sobre os olhos. Diante da minha muda interrogação,
ele resolveu explicar-se, com a devida calma:
- Pois é! Não vê que eu sou o
sereno...
Mário Quintana, As cem melhores
crônicas brasileiras.
* Glossário:
estremunhado: mal acordado.
chiru: que ou aquele que tem pele
morena, traços acaboclados (regionalismo: Sul do Brasil).
Considerando que “silepse é a
concordância que se faz não com a forma gramatical das palavras, mas com seu
sentido, com a ideia que elas representam”, indique o fragmento em que essa
figura de linguagem se manifesta.
a) “olha o mormaço”.
b) “pois devia contar uns trinta
anos”.
c) “fomos alojados os do meu
grupo”.
d) “com os demais jornalistas do
Brasil”.
e) “pala pendente e chapéu
descido sobre os olhos”.
7. (FUVEST)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
[José Dias] Teve um pequeno
legado no testamento, uma apólice e quatro palavras de louvor. Copiou as
palavras, encaixilhou-as e pendurou-as no quarto, por cima da cama. “Esta é a
melhor apólice”, dizia ele muita vez. Com o tempo, adquiriu certa autoridade na
família, certa audiência, ao menos; não abusava, e sabia opinar obedecendo. Ao
cabo, era amigo, não direi ótimo, mas nem tudo é ótimo neste mundo. E não lhe
suponhas alma subalterna; as cortesias que fizesse vinham antes do cálculo que
da índole. A roupa durava-lhe muito; ao contrário das pessoas que enxovalham
depressa o vestido novo, ele trazia o velho escovado e liso, cerzido, abotoado,
de uma elegância pobre e modesta. Era lido, posto que de atropelo, o bastante
para divertir ao serão e à sobremesa, ou explicar algum fenômeno, falar dos
efeitos do calor e do frio, dos polos e de Robespierre. Contava muita vez uma
viagem que fizera à Europa, e confessava que a não sermos nós, já teria voltado
para lá; tinha amigos em Lisboa, mas a nossa família, dizia ele, abaixo de
Deus, era tudo.
Machado de Assis, Dom
Casmurro.
Considerado o contexto, qual das
expressões sublinhadas foi empregada em sentido metafórico?
a) “Teve um pequeno legado”.
b) “Esta é a melhor apólice”.
c) “certa audiência, ao
menos”.
d) “ao cabo, era
amigo”.
e) “o bastante para
divertir”.
8. (MACKENZIE)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Você
sabia que com pouco esforço é possível ajudar o planeta e o seu bolso?
Ao usarmos a
energia elétrica para aparelhos eletrônicos e lâmpadas também emitimos gás
carbônico, um dos principais gases do efeito estufa. Atitudes
simples como trocar lâmpadas incandescentes pelas fluorescentes e
puxar da tomada os aparelhos que não estão em uso reduzirão a sua conta de luz
e as nossas emissões de CO2 na atmosfera.
Planeta
sustentável: conhecimento por um mundo melhor
Assinale a alternativa que indica
recurso empregado no texto.
a) Intertextualidade, já que se
pode notar apropriação explícita e marcada, por meio de citações, de trechos de
outros textos.
b) Conotação, uma vez que o texto
emprega em toda a sua extensão uma linguagem que adota tom pessoal e
subjetivo.
c) Ironia, observada no emprego
de expressões que conduzem o leitor a outra possibilidade de interpretação,
sempre crítica.
d) Denotação, pois há a
utilização objetiva de palavras e expressões que destacam a presença da função
referencial.
e) Metalinguagem, uma vez que a
linguagem adotada serve exclusivamente para tratar da própria linguagem.
9. (UNESP)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Motivos para pânico
Como sabemos,
existem muitas frases comumente repetidas a cujo uso nos acostumamos tanto que
nem observamos nelas patentes absurdos ou disparates. Das mais escutadas nos
noticiários, nos últimos dias, têm sido “não há razão para pânico” e “não há
motivo para pânico”, ambas aludindo à famosa gripe suína de que tanto se fala.
Todo mundo as ouve e creio que a maioria concorda sem pensar e sem notar que se
trata de assertivas tão asnáticas quanto, por exemplo, a antiga exigência de
que o postulante a certos benefícios públicos estivesse “vivo e sadio”, como se
um defunto pudesse estar sadio. Ou a que apareceu num comercial da Petrobrás em
homenagem aos seus trabalhadores, que não sei se ainda está sendo veiculado.
Nele, os trabalhadores “encaram de frente” grandes desafios, como se alguém
pudesse encarar alguma coisa senão de frente mesmo, a não ser que o cruel
destino lhe haja posto a cara no traseiro.
Em rigor, as
frases não se equivalem e é necessário examiná-las separadamente, se desejar
enxergar as inanidades que formulam. No primeiro caso, pois o pânico é uma
reação irracional, comete-se uma contradição em termos mais que óbvia. Ninguém
pode ter ou deixar de ter razão para pânico, porque não é possível haver razão
em algo que por definição requer ausência de razão. Então, ao repetir
solenemente que não há razão para pânico, os noticiários e notas de
esclarecimento (e nós também) estão dizendo uma novidade semelhante a “água é
um líquido” ou “a comida vai para o estômago”. Se as palavras pudessem
protestar, certamente Pânico escreveria para as redações, perguntando
ofendidíssimo desde quando ele precisa de razão. Nunca há uma razão para o
pânico.
A segunda
frase nega uma verdade evidente. É também mais do que claro que não existe
pânico sem motivo, ou seja, o freguês entra em pânico porque algo o motivou,
independentemente de sua vontade, a entrar na desagradabilíssima sensação de
pânico. “Ninguém, que eu saiba, olha assim para a mulher e diz “mulher, acho
que vou entrar em pânico hoje à tarde” e, quando a mulher pergunta por que, diz
que é para quebrar a monotonia.”
(João Ubaldo Ribeiro. Motivos
para pânico. O Estado de S. Paulo, 17.05.2009.)
Então, ao repetir solenemente que não há razão para pânico, os
noticiários e notas de esclarecimento (e nós também) estão dizendo uma novidade
semelhante a “água é um líquido” ou “a comida vai para o estômago”.
Neste período, no tom bem
humorado que o autor imprime à crônica, a palavra novidade assume um sentido
contrário ao que apresenta normalmente. Essa alteração de sentido, em função de
um contexto habilmente construído pelo cronista, caracteriza o recurso
estilístico denominado:
a) Ironia.
b) Reticência.
c) Eufemismo.
d) Antítese.
e) Hipérbole.
10. (UNIFESP)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
ESQUECIMENTO
Esse de quem
eu era e era meu,
Que foi um
sonho e foi realidade,
Que me vestiu
a alma de saudade,
Para sempre
de mim desapareceu.
Tudo em redor
então escureceu,
E foi
longínqua toda a claridade!
Ceguei...
tateio sombras... que ansiedade!
Apalpo cinzas
porque tudo ardeu!
Descem em mim
poentes de Novembro...
A sombra dos
meus olhos, a escurecer...
Veste de roxo
e negro os crisântemos...
E desse que
era meu já me não lembro...
Ah! a doce
agonia de esquecer
A lembrar
doidamente o que esquecemos...!
Florbela Espanca
Na última estrofe, o eu lírico
expressa, por meio de:
a) Hipérboles, a dificuldade de
se tentar esquecer um grande amor.
b) Metáforas, a forma de se
esquecer plenamente a pessoa amada.
c) Eufemismos, as contradições do
amor e os sofrimentos dele decorrentes.
d) Metonímias, o bem-estar ligado
a amar e querer esquecer.
e) Paradoxos, a impossibilidade
de o esquecimento ser levado a cabo.
11. (FUVEST)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Vestindo
água, só saído o cimo do pescoço, o burrinho tinha de se enqueixar para o alto,
a salvar também de fora o focinho. Uma peitada. Outro tacar de patas. Chu-áa!
Chu-áa... - ruge o rio, como chuva deitada no chão. Nenhuma pressa! Outra
remada, vagarosa. No fim de tudo, tem o pátio, com os cochos, muito milho, na
Fazenda; e depois o pasto: sombra, capim e sossego... Nenhuma pressa. Aqui, por
ora, este poço doido, que barulha como um fogo, e faz medo, não é novo: tudo é
ruim e uma só coisa, no caminho: como os homens e os seus modos, costumeira
confusão. É só fechar os olhos. Como sempre. Outra passada, na massa fria. E ir
sem afã, à voga surda, amigo da água, bem com o escuro, filho do fundo,
poupando forças para o fim. Nada mais, nada de graça; nem um arranco, fora de
hora. Assim.
João Guimarães Rosa. O
burrinho pedrês, Sagarana.
Como exemplos da expressividade
sonora presente nesse excerto, podemos citar a onomatopeia, em "Chu-áa!
Chu-áa...", e a fusão de onomatopeia com aliteração, em:
a) "vestindo
água".
b) "ruge o rio".
c) "poço doido".
d) "filho do
fundo".
e) "fora de hora".
12. (FUVEST)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Eu
amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos seria revelado por
mim se não julgasse, e razões não tivesse para julgar, que este amor assim
absoluto e assim exagerado é partilhado por todos vós. Nós somos irmãos, nós nos sentimos parecidos
e iguais; 1nas cidades, nas aldeias, nos povoados, não porque
soframos, com a dor e os desprazeres, a lei e a polícia, mas porque nos une,
nivela e agremia o amor da rua. É este mesmo o sentimento imperturbável e
indissolúvel, o único que, como a própria vida, resiste às idades e às épocas.
Tudo se transforma, tudo varia - o amor, o ódio, o egoísmo. 2Hoje é
mais amargo o riso, mais dolorosa a ironia. Os séculos passam, deslizam, 3levando
as coisas fúteis e os acontecimentos notáveis. Só persiste e fica, legado das
gerações cada vez maior, o amor da rua.
João do Rio. A alma
encantadora das ruas.
Em "nas cidades, nas
aldeias, nos povoados" (ref. 1), "hoje é mais amargo o riso, mais
dolorosa a ironia" (ref. 2) e "levando as coisas fúteis e os
acontecimentos notáveis" (ref. 3), ocorrem, respectivamente, os seguintes
recursos expressivos:
a) eufemismo, antítese,
metonímia.
b) hipérbole, gradação,
eufemismo.
c) metáfora, hipérbole,
inversão.
d) gradação, inversão,
antítese.
e) metonímia, hipérbole,
metáfora.
13. (UNIFESP)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
E
disse [Deus]: Certamente tornarei a ti por este tempo da vida; e eis que Sara
tua mulher terá um filho. E Sara escutava à porta da tenda, que estava atrás
dele.
E
eram Abraão e Sara já velhos, e adiantados em idade; já a Sara havia cessado o
costume das mulheres.
Assim,
pois, riu-se Sara consigo, dizendo: Terei ainda deleite depois de haver
envelhecido, sendo também o meu senhor já velho? (...)
E
concebeu Sara, e deu a Abraão um filho na sua velhice, ao tempo determinado,
que Deus lhe tinha falado.
(www.bibliaonline.com.br, Gn 18, 10-12; 21, 2.)
No trecho, afirma-se que Abraão e
Sara já estavam "adiantados em idade" e que a Sara "já havia
cessado o costume das mulheres". Essas expressões são
a) eufemismos, que remetem,
respectivamente, à velhice e ao ciclo menstrual.
b) metáforas, que remetem,
respectivamente, à idade adulta e ao vigor sexual.
c) hipérboles, que remetem,
respectivamente, à velhice e à paixão feminina.
d) sinestesias, que remetem,
respectivamente, à decrepitude e à sensualidade.
e) sinédoques, que remetem,
respectivamente, à idade adulta e ao amor.
14. (PUC – SP)
Iracema, a virgem dos lábios de
mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que
seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a
baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado (...) Cedendo à meiga
pressão, a virgem reclinou-se ao peito do guerreiro, e ficou ali trêmula e
palpitante como a tímida perdiz (...) A fronte reclinara, e a flor do sorriso
expandia-se como o nenúfar ao beijo do sol (...). Em torno carpe a natureza o
dia que expira. Soluça a onda trépida e lacrimosa; geme a brisa na folhagem; o
mesmo silêncio anela de opresso. (...) A tarde é a tristeza do sol. Os dias de
Iracema vão ser longas tardes sem manhã, até que venha para ela a grande noite.
Os fragmentos anteriores
constroem-se estilisticamente com figuras de linguagem, caracterizadoras do
estilo poético de Alencar. Apresentam, eles, dominantemente, as seguintes
figuras:
a) comparações e antíteses.
b) antíteses e inversões.
c) pleonasmos e hipérboles.
d) metonímias e
prosopopeias.
e) comparações e metáforas.
15. (FUVEST)
“No tempo de meu Pai, sob estes
galhos,
Como uma vela fúnebre de cera,
Chorei bilhões de vezes com a canseira
De inexorabilíssimos trabalhos!”
Identifique a figura empregada
nos versos destacados:
a) Antítese
b) Anacoluto
c) Hipérbole
d) Litotes
e) Paragoge
GABARITO:
1. A 2. B 3. A 4. C 5. A 6. C 7. B 8. D 9. A 10. E 11. B 12. D 13. A 14. E 15. C
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