segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Simulado Figuras de Linguagem

Dúvidas sobre figuras de linguagem? Resolve o simulado de hoje e tire suas dúvidas sobre o assunto!

1. (UNESP/ADAPTADA)
Leia o trecho de uma elegia de Vinicius de Moraes (1913-1980) para responder à questão.

Elegia na morte de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, poeta e cidadão

A morte chegou pelo interurbano em longas espirais metálicas.
Era de madrugada. Ouvi a voz de minha mãe, viúva.
De repente não tinha pai.
No escuro de minha casa em Los Angeles procurei recompor tua lembrança
Depois de tanta ausência. Fragmentos da infância
Boiaram do mar de minhas lágrimas. Vi-me eu menino
Correndo ao teu encontro. Na ilha noturna
Tinham-se apenas acendido os lampiões a gás, e a clarineta
De Augusto geralmente procrastinava a tarde.
Era belo esperar-te, cidadão. O bondinho
Rangia nos trilhos a muitas praias de distância...
Dizíamos: “Ê-vem meu pai!”. Quando a curva
Se acendia de luzes semoventes*, ah, corríamos
Corríamos ao teu encontro. A grande coisa era chegar antes
Mas ser marraio** em teus braços, sentir por último
Os doces espinhos da tua barba.
Trazias de então uma expressão indizível de fidelidade e paciência
Teu rosto tinha os sulcos fundamentais da doçura
De quem se deixou ser. Teus ombros possantes
Se curvavam como ao peso da enorme poesia
Que não realizaste. O barbante cortava teus dedos
Pesados de mil embrulhos: carne, pão, utensílios
Para o cotidiano (e frequentemente o binóculo
Que vivias comprando e com que te deixavas horas inteiras
Mirando o mar). Dize-me, meu pai
Que viste tantos anos através do teu óculo de alcance
Que nunca revelaste a ninguém?
Vencias o percurso entre a amendoeira e a casa como o atleta exausto no último lance da maratona.
Te grimpávamos. Eras penca de filho. Jamais
Uma palavra dura, um rosnar paterno. Entravas a casa
humilde
A um gesto do mar. A noite se fechava
Sobre o grupo familial como uma grande porta espessa.
Muitas vezes te vi desejar. Desejavas. Deixavas-te olhando o mar
Com mirada de argonauta. Teus pequenos olhos feios
Buscavam ilhas, outras ilhas... — as imaculadas, inacessíveis
Ilhas do Tesouro. Querias. Querias um dia aportar
E trazer — depositar aos pés da amada as joias fulgurantes
Do teu amor. Sim, foste descobridor, e entre eles
Dos mais provectos***. Muitas vezes te vi, comandante
Comandar, batido de ventos, perdido na fosforência
De vastos e noturnos oceanos
Sem jamais.
Deste-nos pobreza e amor. A mim me deste
A suprema pobreza: o dom da poesia, e a capacidade de amar
Em silêncio. Foste um pobre. Mendigavas nosso amor
Em silêncio. Foste um no lado esquerdo. Mas
Teu amor inventou. Financiaste uma lancha
Movida a água: foi reta para o fundo. Partiste um dia
Para um brasil além, garimpeiro sem medo e sem mácula.
Doze luas voltaste. Tua primogênita — diz-se —
Não te reconheceu. Trazias grandes barbas e pequenas águas-marinhas.
(Vinicius de Moraes. Antologia poética. 11 ed.
Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1974, p. 180-181.)

(*) Semovente: “Que ou o que anda ou se move por si próprio.”
(**) Marraio: “No gude e noutros jogos, palavra que dá, a quem primeiro a grita, o direito de ser o último a jogar.”
(***) Provecto: “Que conhece muito um assunto ou uma ciência, experiente, versado, mestre.”
(Dicionário Eletrônico Houaiss)


O barbante cortava teus dedos / Pesados de mil embrulhos:

O emprego da expressão mil embrulhos no verso mencionado caracteriza-se como figura de linguagem denominada hipérbole, porque
a) é uma imagem exagerada, mas expressiva, do fato referido no verso. 
b) “barbante” aparece personificado, com atitudes humanas.
c) ocorre uma comparação entre um fato real e um fato fictício.
d) o eu-poemático tenta precisar metonimicamente o que não é preciso.
e) há uma relação de contiguidade semântica entre “dedos” e “embrulhos”.


2. (UNIFESP)


O efeito de humor da tira advém, dentre outros fatores, da
a) ironia, verificada na fala da personagem como intenção clara de afirmar o contrário daquilo que está dizendo.
b) paronomásia, verificada pelo emprego de palavras parecidas na escrita e na pronúncia, à moda de um trocadilho.
c) metáfora, verificada pelo emprego de termos que podem se cambiar como formas sinônimas no enunciado.
d) metonímia, verificada pelo emprego de uma palavra em lugar de outra por uma relação de contiguidade.
e) onomatopeia, verificada pelo recurso à sonoridade das palavras, que atribui outros sentidos ao enunciado.

3. (UFSCAR/ADAPTADA)
Leia o texto a seguir para responder à questão

— Não refez então o capítulo? – indagou ela logo que entrei.
— Oh, não, Miss Jane. Suas palavras abriram-me os olhos. Convenci-me de que não possuo qualidades literárias e não quero insistir – retruquei com ar ressentido.
— Pois tem de insistir – foi sua resposta (...) Lembre-se do esforço incessante de Flaubert* para atingir a luminosa clareza que só a sábia simplicidade dá. A ênfase, o empolado, o enfeite, o contorcido, o rebuscamento de expressões, tudo isso nada tem com a arte de escrever, porque é artifício e o artifício é a cuscuta** da arte. Puros maneirismos que em nada contribuem para o fim supremo: a clara e fácil expressão da ideia.
— Sim, Miss Jane, mas sem isso fico sem estilo ...
Que finura de sorriso temperado de meiguice aflorou nos lábios da minha amiga!
— Estilo o senhor Ayrton só o terá quando perder em absoluto
a preocupação de ter estilo. Que é estilo, afinal?
— Estilo é ... – ia eu responder de pronto, mas logo engasguei, e assim ficaria se ela muito naturalmente não mo definisse de gentil maneira.
— ... é o modo de ser de cada um. Estilo é como o rosto: cada qual possui o que Deus lhe deu. Procurar ter um certo estilo vale tanto como procurar ter uma certa cara. Sai máscara fatalmente – essa horrível coisa que é a máscara ...
— Mas o meu modo natural de ser não tem encantos, Miss Jane, é bruto, grosseiro, inábil, ingênuo. Quer então que escreva desta maneira?
— Pois perfeitamente! Seja como é, e tudo quanto lhe parece defeito surgirá como qualidades, visto que será reflexo da coisa única que tem valor num artista – a personalidade.

*Gustave Flaubert (1821–1880), escritor realista francês considerado um dos maiores do Ocidente.
** planta parasita.
(Monteiro Lobato, O presidente negro.)
No último parágrafo do texto, Miss Jane tenta convencer Ayrton fazendo uso de uma figura chamada
a) paradoxo.
b) elipse.
c) ironia.
d) eufemismo.
e) pleonasmo.


4. (FUVEST)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A ROSA DE HIROXIMA

                Pensem nas crianças
                Mudas telepáticas         
                Pensem nas meninas
                Cegas inexatas
                Pensem nas mulheres
                Rotas alteradas
                Pensem nas feridas
                Como rosas cálidas
                Mas oh não se esqueçam
                Da rosa da rosa
                Da rosa de Hiroxima
                A rosa hereditária
                A rosa radioativa
                Estúpida e inválida
                A rosa com cirrose
                A antirrosa atômica
                Sem cor sem perfume
                Sem rosa sem nada.

                                               Vinicius de Moraes, Antologia poética.


Dentre os recursos expressivos presentes no poema, podem-se apontar a sinestesia e a aliteração, respectivamente, nos versos
a) 2 e 17.   
b) 1 e 5.   
c) 8 e 15.
d) 9 e 18.   
e) 14 e 3.   

5. (UNIFESP)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
                [Sem-Pernas] queria alegria, uma mão que o acarinhasse, alguém que com muito amor o fizesse esquecer o defeito físico e os muitos anos (talvez tivessem sido apenas meses ou semanas, mas para ele seriam sempre longos anos) que vivera sozinho nas ruas da cidade, hostilizado pelos homens que passavam, empurrado pelos guardas, surrado pelos moleques maiores. Nunca tivera família. Vivera na casa de um padeiro a quem chamava “meu padrinho” e que o surrava. Fugiu logo que pôde compreender que a fuga o libertaria. Sofreu fome, um dia levaram-no preso. Ele quer um carinho, u’a mão que passe sobre os seus olhos e faça com que ele possa se esquecer daquela noite na cadeia, quando os soldados bêbados o fizeram correr com sua perna coxa em volta de uma saleta. Em cada canto estava um com uma borracha comprida. As marcas que ficaram nas suas costas desapareceram. Mas de dentro dele nunca desapareceu a dor daquela hora. Corria na saleta como um animal perseguido por outros mais fortes. A perna coxa se recusava a ajudá-lo. E a borracha zunia nas suas costas quando o cansaço o fazia parar.
                A princípio chorou muito, depois, não sabe como, as lágrimas secaram. Certa hora não resistiu mais, abateu-se no chão. Sangrava.
                Ainda hoje ouve como os soldados riam e como riu aquele homem de colete cinzento que fumava um charuto.

(Jorge Amado. Capitães da areia.)

O emprego da figura de linguagem conhecida como “prosopopeia” (ou “personificação”) põe mais em evidência a principal razão pela qual Sem-Pernas é estigmatizado. O trecho que contém essa figura é
a) A perna coxa se recusava a ajudá-lo.    
b) Em cada canto estava um com uma borracha comprida.  
c) (...) depois, não sabe como, as lágrimas secaram.  
d) E a borracha zunia nas suas costas (...)  
e) Mas de dentro dele nunca desapareceu a dor daquela hora.  


6. (FUVEST)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Desde pequeno, tive tendência para personificar as coisas. Tia Tula, que achava que mormaço fazia mal, sempre gritava: “Vem pra dentro, menino, olha o mormaço!” Mas eu ouvia o mormaço com M maiúsculo. Mormaço, para mim, era um velho que pegava crianças! Ia pra dentro logo. E ainda hoje, quando leio que alguém se viu perseguido pelo clamor público, vejo com estes olhos o Sr. Clamor Público, magro, arquejante, de preto, brandindo um guarda-chuva, com um gogó protuberante que se abaixa e levanta no excitamento da perseguição. E já estava devidamente grandezinho, pois devia contar uns trinta anos, quando me fui, com um grupo de colegas, a ver o lançamento da pedra fundamental da ponte Uruguaiana-Libres, ocasião de grandes solenidades, com os presidentes Justo e Getúlio, e gente muita, tanto assim que fomos alojados os do meu grupo num casarão que creio fosse a Prefeitura, com os demais jornalistas do Brasil e Argentina. Era como um alojamento de quartel, com breve espaço entre as camas e todas as portas e janelas abertas, tudo com os alegres incômodos e duvidosos encantos de uma coletividade democrática. Pois lá pelas tantas da noite, como eu pressentisse, em meu entredormir, um vulto junto à minha cama, sentei-me estremunhado* e olhei atônito para um tipo de chiru*, ali parado, de bigodes caídos, pala pendente e chapéu descido sobre os olhos. Diante da minha muda interrogação, ele resolveu explicar-se, com a devida calma:
- Pois é! Não vê que eu sou o sereno...

Mário Quintana, As cem melhores crônicas brasileiras.

* Glossário:
estremunhado: mal acordado.
chiru: que ou aquele que tem pele morena, traços acaboclados (regionalismo: Sul do Brasil).

Considerando que “silepse é a concordância que se faz não com a forma gramatical das palavras, mas com seu sentido, com a ideia que elas representam”, indique o fragmento em que essa figura de linguagem se manifesta.
a) “olha o mormaço”.  
b) “pois devia contar uns trinta anos”.  
c) “fomos alojados os do meu grupo”.
d) “com os demais jornalistas do Brasil”.  
e) “pala pendente e chapéu descido sobre os olhos”.  

7. (FUVEST)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
[José Dias] Teve um pequeno legado no testamento, uma apólice e quatro palavras de louvor. Copiou as palavras, encaixilhou-as e pendurou-as no quarto, por cima da cama. “Esta é a melhor apólice”, dizia ele muita vez. Com o tempo, adquiriu certa autoridade na família, certa audiência, ao menos; não abusava, e sabia opinar obedecendo. Ao cabo, era amigo, não direi ótimo, mas nem tudo é ótimo neste mundo. E não lhe suponhas alma subalterna; as cortesias que fizesse vinham antes do cálculo que da índole. A roupa durava-lhe muito; ao contrário das pessoas que enxovalham depressa o vestido novo, ele trazia o velho escovado e liso, cerzido, abotoado, de uma elegância pobre e modesta. Era lido, posto que de atropelo, o bastante para divertir ao serão e à sobremesa, ou explicar algum fenômeno, falar dos efeitos do calor e do frio, dos polos e de Robespierre. Contava muita vez uma viagem que fizera à Europa, e confessava que a não sermos nós, já teria voltado para lá; tinha amigos em Lisboa, mas a nossa família, dizia ele, abaixo de Deus, era tudo.

Machado de Assis, Dom Casmurro.

Considerado o contexto, qual das expressões sublinhadas foi empregada em sentido metafórico?
a) “Teve um pequeno legado”.  
b) “Esta é a melhor apólice”.  
c) “certa audiência, ao menos”.  
d) “ao cabo, era amigo”.  
e) “o bastante para divertir”.  

8. (MACKENZIE)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Você sabia que com pouco esforço é possível ajudar o planeta e o seu bolso?
Ao usarmos a energia elétrica para aparelhos eletrônicos e lâmpadas também emitimos gás carbônico, um dos principais gases do efeito estufa. Atitudes simples como trocar lâmpadas incandescentes pelas fluorescentes e puxar da tomada os aparelhos que não estão em uso reduzirão a sua conta de luz e as nossas emissões de CO2 na atmosfera.

Planeta sustentável: conhecimento por um mundo melhor


Assinale a alternativa que indica recurso empregado no texto.
a) Intertextualidade, já que se pode notar apropriação explícita e marcada, por meio de citações, de trechos de outros textos.  
b) Conotação, uma vez que o texto emprega em toda a sua extensão uma linguagem que adota tom pessoal e subjetivo.  
c) Ironia, observada no emprego de expressões que conduzem o leitor a outra possibilidade de interpretação, sempre crítica.  
d) Denotação, pois há a utilização objetiva de palavras e expressões que destacam a presença da função referencial.   
e) Metalinguagem, uma vez que a linguagem adotada serve exclusivamente para tratar da própria linguagem.  

9. (UNESP)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Motivos para pânico

Como sabemos, existem muitas frases comumente repetidas a cujo uso nos acostumamos tanto que nem observamos nelas patentes absurdos ou disparates. Das mais escutadas nos noticiários, nos últimos dias, têm sido “não há razão para pânico” e “não há motivo para pânico”, ambas aludindo à famosa gripe suína de que tanto se fala. Todo mundo as ouve e creio que a maioria concorda sem pensar e sem notar que se trata de assertivas tão asnáticas quanto, por exemplo, a antiga exigência de que o postulante a certos benefícios públicos estivesse “vivo e sadio”, como se um defunto pudesse estar sadio. Ou a que apareceu num comercial da Petrobrás em homenagem aos seus trabalhadores, que não sei se ainda está sendo veiculado. Nele, os trabalhadores “encaram de frente” grandes desafios, como se alguém pudesse encarar alguma coisa senão de frente mesmo, a não ser que o cruel destino lhe haja posto a cara no traseiro.
Em rigor, as frases não se equivalem e é necessário examiná-las separadamente, se desejar enxergar as inanidades que formulam. No primeiro caso, pois o pânico é uma reação irracional, comete-se uma contradição em termos mais que óbvia. Ninguém pode ter ou deixar de ter razão para pânico, porque não é possível haver razão em algo que por definição requer ausência de razão. Então, ao repetir solenemente que não há razão para pânico, os noticiários e notas de esclarecimento (e nós também) estão dizendo uma novidade semelhante a “água é um líquido” ou “a comida vai para o estômago”. Se as palavras pudessem protestar, certamente Pânico escreveria para as redações, perguntando ofendidíssimo desde quando ele precisa de razão. Nunca há uma razão para o pânico.
A segunda frase nega uma verdade evidente. É também mais do que claro que não existe pânico sem motivo, ou seja, o freguês entra em pânico porque algo o motivou, independentemente de sua vontade, a entrar na desagradabilíssima sensação de pânico. “Ninguém, que eu saiba, olha assim para a mulher e diz “mulher, acho que vou entrar em pânico hoje à tarde” e, quando a mulher pergunta por que, diz que é para quebrar a monotonia.”

(João Ubaldo Ribeiro. Motivos para pânico. O Estado de S. Paulo, 17.05.2009.)

Então, ao repetir solenemente que não há razão para pânico, os noticiários e notas de esclarecimento (e nós também) estão dizendo uma novidade semelhante a “água é um líquido” ou “a comida vai para o estômago”.

Neste período, no tom bem humorado que o autor imprime à crônica, a palavra novidade assume um sentido contrário ao que apresenta normalmente. Essa alteração de sentido, em função de um contexto habilmente construído pelo cronista, caracteriza o recurso estilístico denominado:
a) Ironia.
b) Reticência.  
c) Eufemismo.  
d) Antítese.  
e) Hipérbole.  

10. (UNIFESP)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
ESQUECIMENTO

Esse de quem eu era e era meu,
Que foi um sonho e foi realidade,
Que me vestiu a alma de saudade,
Para sempre de mim desapareceu.
Tudo em redor então escureceu,
E foi longínqua toda a claridade!
Ceguei... tateio sombras... que ansiedade!
Apalpo cinzas porque tudo ardeu!
Descem em mim poentes de Novembro...
A sombra dos meus olhos, a escurecer...
Veste de roxo e negro os crisântemos...
E desse que era meu já me não lembro...
Ah! a doce agonia de esquecer
A lembrar doidamente o que esquecemos...!
      Florbela Espanca

Na última estrofe, o eu lírico expressa, por meio de:
a) Hipérboles, a dificuldade de se tentar esquecer um grande amor.  
b) Metáforas, a forma de se esquecer plenamente a pessoa amada.  
c) Eufemismos, as contradições do amor e os sofrimentos dele decorrentes.  
d) Metonímias, o bem-estar ligado a amar e querer esquecer.  
e) Paradoxos, a impossibilidade de o esquecimento ser levado a cabo. 

11. (FUVEST)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

                Vestindo água, só saído o cimo do pescoço, o burrinho tinha de se enqueixar para o alto, a salvar também de fora o focinho. Uma peitada. Outro tacar de patas. Chu-áa! Chu-áa... - ruge o rio, como chuva deitada no chão. Nenhuma pressa! Outra remada, vagarosa. No fim de tudo, tem o pátio, com os cochos, muito milho, na Fazenda; e depois o pasto: sombra, capim e sossego... Nenhuma pressa. Aqui, por ora, este poço doido, que barulha como um fogo, e faz medo, não é novo: tudo é ruim e uma só coisa, no caminho: como os homens e os seus modos, costumeira confusão. É só fechar os olhos. Como sempre. Outra passada, na massa fria. E ir sem afã, à voga surda, amigo da água, bem com o escuro, filho do fundo, poupando forças para o fim. Nada mais, nada de graça; nem um arranco, fora de hora. Assim.
João Guimarães Rosa. O burrinho pedrês, Sagarana.


Como exemplos da expressividade sonora presente nesse excerto, podemos citar a onomatopeia, em "Chu-áa! Chu-áa...", e a fusão de onomatopeia com aliteração, em:
a) "vestindo água".  
b) "ruge o rio".
c) "poço doido".  
d) "filho do fundo".  
e) "fora de hora".  

12. (FUVEST)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

                Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos seria revelado por mim se não julgasse, e razões não tivesse para julgar, que este amor assim absoluto e assim exagerado é partilhado por todos vós.  Nós somos irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; 1nas cidades, nas aldeias, nos povoados, não porque soframos, com a dor e os desprazeres, a lei e a polícia, mas porque nos une, nivela e agremia o amor da rua. É este mesmo o sentimento imperturbável e indissolúvel, o único que, como a própria vida, resiste às idades e às épocas. Tudo se transforma, tudo varia - o amor, o ódio, o egoísmo. 2Hoje é mais amargo o riso, mais dolorosa a ironia. Os séculos passam, deslizam, 3levando as coisas fúteis e os acontecimentos notáveis. Só persiste e fica, legado das gerações cada vez maior, o amor da rua.
João do Rio. A alma encantadora das ruas.


Em "nas cidades, nas aldeias, nos povoados" (ref. 1), "hoje é mais amargo o riso, mais dolorosa a ironia" (ref. 2) e "levando as coisas fúteis e os acontecimentos notáveis" (ref. 3), ocorrem, respectivamente, os seguintes recursos expressivos:
a) eufemismo, antítese, metonímia.  
b) hipérbole, gradação, eufemismo.  
c) metáfora, hipérbole, inversão.  
d) gradação, inversão, antítese.
e) metonímia, hipérbole, metáfora.  

13. (UNIFESP)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
                E disse [Deus]: Certamente tornarei a ti por este tempo da vida; e eis que Sara tua mulher terá um filho. E Sara escutava à porta da tenda, que estava atrás dele.
                E eram Abraão e Sara já velhos, e adiantados em idade; já a Sara havia cessado o costume das mulheres.
                Assim, pois, riu-se Sara consigo, dizendo: Terei ainda deleite depois de haver envelhecido, sendo também o meu senhor já velho? (...)
                E concebeu Sara, e deu a Abraão um filho na sua velhice, ao tempo determinado, que Deus lhe tinha falado.
(www.bibliaonline.com.br, Gn 18, 10-12; 21, 2.)

No trecho, afirma-se que Abraão e Sara já estavam "adiantados em idade" e que a Sara "já havia cessado o costume das mulheres". Essas expressões são
a) eufemismos, que remetem, respectivamente, à velhice e ao ciclo menstrual.
b) metáforas, que remetem, respectivamente, à idade adulta e ao vigor sexual.  
c) hipérboles, que remetem, respectivamente, à velhice e à paixão feminina.  
d) sinestesias, que remetem, respectivamente, à decrepitude e à sensualidade.  
e) sinédoques, que remetem, respectivamente, à idade adulta e ao amor.  

14. (PUC – SP)
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado (...) Cedendo à meiga pressão, a virgem reclinou-se ao peito do guerreiro, e ficou ali trêmula e palpitante como a tímida perdiz (...) A fronte reclinara, e a flor do sorriso expandia-se como o nenúfar ao beijo do sol (...). Em torno carpe a natureza o dia que expira. Soluça a onda trépida e lacrimosa; geme a brisa na folhagem; o mesmo silêncio anela de opresso. (...) A tarde é a tristeza do sol. Os dias de Iracema vão ser longas tardes sem manhã, até que venha para ela a grande noite.

Os fragmentos anteriores constroem-se estilisticamente com figuras de linguagem, caracterizadoras do estilo poético de Alencar. Apresentam, eles, dominantemente, as seguintes figuras:

a) comparações e antíteses.  
b) antíteses e inversões.  
c) pleonasmos e hipérboles.  
d) metonímias e prosopopeias.  
e) comparações e metáforas.    

15. (FUVEST)
“No tempo de meu Pai, sob estes galhos,
Como uma vela fúnebre de cera,
Chorei bilhões de vezes com a canseira
De inexorabilíssimos trabalhos!

Identifique a figura empregada nos versos destacados:
      a)      Antítese
      b)      Anacoluto
      c)       Hipérbole 
      d)      Litotes
      e)  Paragoge

      GABARITO:
    1. A          2. B          3. A          4. C          5. A          6. C          7. B          8. D          9. A          10. E    11. B          12. D          13. A          14. E          15. C

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