Pessoais, Reflexivos,
Possessivos, Demonstrativos....são tantos os tipos...você se confunde na
utilização dos pronomes em Língua Portuguesa?
Realize o nosso
desafio e conheça um pouco mais sobre os pronomes e suas aplicações na nossa
língua.
Questão 1
(UNESP/ADAPTADA)
Os
donos da comunicação
Os presidentes, os ditadores e
os reis da Espanha que se cuidem porque os donos da comunicação duram muito
mais. Os ditadores abrem e fecham a imprensa, os presidentes xingam a TV e os
reis da Espanha cassam o rádio, mas, quando a gente soma tudo, os donos da
comunicação ainda tão por cima. Mandam na economia, mandam nos intelectuais,
mandam nas moças fofinhas que querem aparecer nos shows dos horários nobres e
mandam no society que morre se o nome não aparecer nas colunas.
Todo mundo fala mal dos donos
da comunicação, mas só de longe. E ninguém fala mal deles por escrito porque
quem fala mal deles por escrito nunca mais vê seu nome e sua cara nos
“veículos” deles. Isso é assim aqui, na Bessarábia e na Baixa Betuanalândia.
Parece que é a lei. O que também é muito justo porque os donos da comunicação
são seres lá em cima. Basta ver o seguinte: nós, pra sabermos umas coisinhas,
só sabemos delas pela mídia deles, não é mesmo? Agora vocês já imaginaram o que
sabem os donos da comunicação que só deixam sair 10% do que sabem?
Pois é; tem gente que faz
greve, faz revolução, faz terrorismo, todas essas besteiras. Corajoso mesmo, eu
acho, é falar mal de dono de comunicação. Aí tua revolução fica xinfrim, teu
terrorismo sai em corpo 6 e se você morre vai lá pro fundo do jornal em quatro
linhas.
(Millôr Fernandes. Que país é este?, 1978.)
No último período do texto, a discrepância dos
possessivos teu e tua (segunda pessoa do singular) com
relação ao pronome de tratamento você
(terceira pessoa do singular) justifica-se como
a) possibilidade permitida pelo novo sistema
ortográfico da língua portuguesa.
b) um modo de escrever característico da linguagem
jornalística.
c) emprego perfeitamente correto, segundo a
gramática normativa.
d) aproveitamento estilístico de um uso do discurso
coloquial.
e) intenção de agredir com mau discurso os donos da
comunicação.
Questão
2
(UNESP/ADAPTADA)
O
fim do marketing
A empresa vende ao
consumidor — com a web não é mais assim.
Com a internet se tornando
onipresente, os Quatro Ps do marketing — produto, praça, preço e promoção — não
funcionam mais. O paradigma era simples e unidirecional: as
empresas vendem aos consumidores. Nós criamos
produtos; fixamos preços; definimos os locais onde vendê-los; e fazemos
anúncios. Nós controlamos a mensagem. A internet transforma todas essas
atividades.
(...)
Os produtos agora são
customizados em massa, envolvem serviços e são marcados pelo conhecimento e os
gostos dos consumidores. Por meio de comunidades online, os consumidores hoje
participam do desenvolvimento do produto. Produtos estão se tornando
experiências. Estão mortas as velhas concepções industriais na definição e
marketing de produtos.
(...)
Graças às vendas online e à
nova dinâmica do mercado, os preços fixados pelo fornecedor estão sendo cada
vez mais desafiados. Hoje questionamos até o conceito de “preço”, à medida que
os consumidores ganham acesso a ferramentas que lhes permitem determinar quanto
querem pagar. Os consumidores vão oferecer vários preços por um produto,
dependendo de condições específicas. Compradores e vendedores trocam mais
informações e o preço se torna fluido. Os mercados, e não as empresas, decidem
sobre os preços de produtos e serviços.
(...)
A empresa moderna compete em
dois mundos: um físico (a praça, ou marketplace) e um mundo digital de
informação (o espaço mercadológico, ou marketspace). As empresas não
devem preocupar-se com a criação de um web site
vistoso, mas sim de uma grande comunidade online e com o capital de
relacionamento. Corações, e não olhos, são o que conta.
Dentro de uma década, a maioria dos produtos será
vendida no espaço mercadológico. Uma nova fronteira de comércio é a marketface
— a interface entre o marketplace e o marketspace.
(...)
Publicidade, promoção, relações
públicas etc. exploram “mensagens” unidirecionais, de um-para-muitos e de
tamanho único, dirigidas a consumidores sem rosto e sem poder. As comunidades
online perturbam drasticamente esse modelo. Os consumidores com frequência têm
acesso a informações sobre os produtos, e o poder passa para o lado deles. São
eles que controlam as regras do mercado, não você. Eles escolhem o meio e a
mensagem. Em vez de receber mensagens enviadas por profissionais de relações
públicas, eles criam a “opinião pública” online.
Os marqueteiros estão perdendo
o controle, e isso é muito bom.
(Don Tapscott. O fim do marketing. INFO, São Paulo,
Editora Abril, janeiro 2011, p. 22.)
São eles que controlam as regras do
mercado, não você. Eles escolhem o
meio e a mensagem. Em vez de receber mensagens enviadas por profissionais de
relações públicas, eles criam a
“opinião pública” online.
Nesta passagem do penúltimo parágrafo do texto, o
autor repete por três vezes o pronome eles, para referir-se enfaticamente aos
a) proprietários de lojas.
b) veículos de comunicação.
c) profissionais de relações públicas.
d) consumidores online.
e) fabricantes dos produtos.
Questão
3
(UNESP/ ADAPTADA)
Para responder à questão a seguir, leia o fragmento
de um livro do búlgaro Tzvetan Todorov (1939-), linguista e teórico da
literatura.
A
literatura em perigo
A análise das obras feita na
escola não deveria mais ter por objetivo ilustrar os conceitos recém-introduzidos
por este ou aquele linguista, este ou aquele teórico da literatura, quando,
então, os textos são apresentados como uma aplicação da língua e do discurso;
sua tarefa deveria ser a de nos fazer ter acesso ao sentido dessas obras — pois
postulamos que esse sentido, por sua vez, nos conduz a um conhecimento do
humano, o qual importa a todos. Como já o disse, essa ideia não é estranha a
uma boa parte do próprio mundo do ensino; mas é necessário passar das ideias à
ação. Num relatório estabelecido pela Associação dos Professores de Letras,
podemos ler: “O estudo de Letras implica o estudo do homem, sua relação consigo
mesmo e com o mundo, e sua relação com os outros.” Mais exatamente, o estudo da
obra remete a círculos concêntricos cada vez mais amplos: o dos outros escritos
do mesmo autor, o da literatura nacional, o da literatura mundial; mas seu
contexto final, o mais importante de todos, nos é efetivamente dado pela
própria existência humana. Todas as grandes obras, qualquer que seja sua
origem, demandam uma reflexão dessa dimensão.
O que devemos fazer para
desdobrar o sentido de uma obra e revelar o pensamento do artista? Todos os
“métodos” são bons, desde que continuem a ser meios, em vez de se tornarem fins
em si mesmos. (...)
(...)
(...) Sendo o objeto da
literatura a própria condição humana, aquele que a lê e a compreende se tornará
não um especialista em análise literária, mas um conhecedor do ser humano. Que
melhor introdução à compreensão das paixões e dos comportamentos humanos do que
uma imersão na obra dos grandes escritores que se dedicam a essa tarefa há
milênios? E, de imediato: que melhor preparação pode haver para todas as
profissões baseadas nas relações humanas? Se entendermos assim a literatura e
orientarmos dessa maneira o seu ensino, que ajuda mais preciosa poderia
encontrar o futuro estudante de direito ou de ciências políticas, o futuro
assistente social ou psicoterapeuta, o historiador ou o sociólogo? Ter como
professores Shakespeare e Sófocles, Dostoievski e Proust não é tirar proveito
de um ensino excepcional? E não se vê que mesmo um futuro médico, para exercer
o seu ofício, teria mais
a aprender com esses mesmos professores do que com
os manuais preparatórios para concurso que hoje determinam o seu destino? Assim,
os estudos literários encontrariam o seu lugar no coração das humanidades, ao
lado da história dos eventos e das ideias, todas essas disciplinas fazendo
progredir o pensamento e se alimentando tanto de obras quanto de doutrinas,
tanto de ações políticas quanto de mutações sociais, tanto da vida dos povos
quanto da de seus indivíduos.
Se aceitarmos essa finalidade
para o ensino literário, o qual não serviria mais unicamente à reprodução dos
professores de Letras, podemos facilmente chegar a um acordo sobre o espírito
que o deve conduzir: é necessário incluir as obras no grande diálogo entre os
homens, iniciado desde a noite dos tempos e do qual cada um de nós, por mais
ínfimo que seja, ainda participa. “É nessa comunicação inesgotável, vitoriosa
do espaço e do tempo, que se afirma o alcance universal da literatura”,
escrevia Paul Bénichou. A nós, adultos, nos cabe
transmitir às novas gerações essa herança frágil,
essas palavras que ajudam a viver melhor.
(Tzvetan Todorov. A literatura em perigo. 2 ed. Trad. Caio Meira. Rio
de Janeiro: DIFEL, 2009, p. 89-94.)
Considerando que o pronome o, usado na sequência que o
deve conduzir, tem valor anafórico, isto é, faz referência a um termo já
enunciado no último parágrafo, identifique esse termo.
a) Ensino literário.
b) Professores de Letras.
c) Acordo.
d) Espírito.
e) Grande diálogo.
Questão
4
(FUVEST/ADAPTADA)
Leia o trecho e responda a questão a seguir.
Não era e não podia o pequeno reino lusitano ser
uma potência colonizadora à feição da antiga Grécia. O surto marítimo que enche
sua história do século XV não resultara do extravasamento de nenhum excesso de
população, mas fora apenas provocado por uma burguesia comercial sedenta de
lucros, e que não encontrava no reduzido território pátrio satisfação à sua desmedida
ambição. A ascensão do fundador da Casa de Avis ao trono português trouxe esta
burguesia para um primeiro plano. Fora ela quem, para se livrar da ameaça
castelhana e do poder da nobreza, representado pela Rainha Leonor Teles,
cingira o Mestre de Avis com a coroa lusitana. Era ela, portanto, quem devia
merecer do novo rei o melhor das suas atenções. Esgotadas as possibilidades do
reino com as pródigas dádivas reais, restou apenas o recurso da expansão
externa para contentar os insaciáveis companheiros de D. João I.
Caio Prado Júnior, Evolução política do Brasil. Adaptado.
O pronome "ela" da frase "Era ela,
portanto, quem devia merecer do novo rei o melhor das suas atenções", refere-se
a
a) “desmedida ambição”.
b) “Casa de Avis”.
c) “esta burguesia”.
d) “ameaça castelhana”.
e) “Rainha Leonor Teles”.
Questão
5
(UNIFESP/ADAPTADA)
Leia o texto a seguir para responder à questão que
segue.
O silêncio é a matéria
significante por excelência, um continuum significante. O real da comunicação é
o silêncio. E como o nosso objeto de reflexão é o discurso, chegamos a uma
outra afirmação que sucede a essa: o silêncio é o real do discurso.
O homem está “condenado” a
significar. Com ou sem palavras, diante do mundo, há uma injunção à
“interpretação”: tudo tem de fazer sentido (qualquer que ele seja). O homem
está irremediavelmente constituído pela sua relação
com o simbólico.
Numa certa perspectiva, a
dominante nos estudos dos signos, se produz uma sobreposição entre linguagem
(verbal e não-verbal) e significação.
Disso decorreu um recobrimento
dessas duas noções, resultando uma redução pela qual qualquer matéria
significante fala, isto é, é remetida à linguagem (sobretudo verbal) para que
lhe seja atribuído sentido.
Nessa mesma direção, coloca-se
o “império do verbal” em nossas formas sociais: traduz-se o silêncio em
palavras. Vê-se assim o silêncio como linguagem e perde-se sua especificidade,
enquanto matéria significante distinta da linguagem.
(Eni Orlandi. As formas do silêncio, 1997.)
Na oração do 4.º parágrafo – [...] para que lhe seja atribuído sentido. –,
o pronome “lhe” substitui a expressão
a) um recobrimento.
b) uma redução.
c) linguagem e significação.
d) qualquer matéria significante.
e) o silêncio.
Questão
6
(UNIFESP/ADAPTADA)
Leia o texto a seguir para responder à questão.
Um sarau é o bocado mais
delicioso que temos, de telhado abaixo. Em um sarau todo o mundo tem que fazer.
O diplomata ajusta, com um copo de champagne na mão, os mais intrincados
negócios; todos murmuram, e não há quem deixe de ser murmurado. O velho
lembra-se dos minuetes e das cantigas do seu tempo, e o moço goza todos os
regalos da sua época; as moças são no sarau como as estrelas no céu; estão no
seu elemento: aqui uma, cantando suave cavatina, eleva-se vaidosa nas asas dos
aplausos, por entre os quais surde, às vezes, um bravíssimo inopinado, que
solta de lá da sala do jogo o parceiro que acaba de ganhar sua partida no
écarté, mesmo na ocasião em que a moça se espicha completamente, desafinando um
sustenido; daí a pouco vão outras, pelos braços de seus pares, se deslizando
pela sala e marchando em seu passeio, mais a compasso que qualquer de nossos
batalhões da Guarda Nacional, ao mesmo tempo que conversam sempre sobre objetos
inocentes que movem olhaduras e risadinhas apreciáveis. Outras criticam de uma
gorducha vovó, que ensaca nos bolsos meia bandeja de doces que veio para o chá,
e que ela leva aos pequenos que, diz, lhe ficaram em casa. Ali vê-se um
ataviado dandy que dirige mil finezas a uma senhora idosa, tendo os olhos
pregados na sinhá, que senta-se ao lado. Finalmente, no sarau não é essencial
ter cabeça nem boca, porque, para alguns é regra, durante ele, pensar pelos pés
e falar pelos olhos.
E o mais é que nós estamos num
sarau. Inúmeros batéis conduziram da corte para a ilha de... senhoras e
senhores, recomendáveis por caráter e qualidades; alegre, numerosa e escolhida
sociedade enche a grande casa, que brilha e mostra em toda a parte borbulhar o
prazer e o bom gosto.
Entre todas essas elegantes e
agradáveis moças, que com aturado empenho se esforçam para ver qual delas vence
em graças, encantos e donaires, certo sobrepuja a travessa
Moreninha, princesa daquela festa.
(Joaquim Manuel de Macedo. A Moreninha, 1997.)
Assinale a alternativa em que a eliminação do
pronome em destaque implica, contextualmente, mudança do sujeito do verbo.
a) Ali vê-se
um ataviado dandy [...].
b) [...] aqui uma, cantando suave cavatina, eleva-se vaidosa nas asas dos aplausos [...].
c) O velho lembra-se dos minuetes e das cantigas do seu tempo [...].
d) [...] mesmo na ocasião em que a moça se espicha
completamente [...].
e) [...] daí a pouco vão outras, pelos braços de
seus pares, se deslizando pela sala [...].
Questão
7
(UNIFESP)
Examine a tira.
Bastante comum na fala coloquial, o modo de se
empregar o pronome na fala da personagem – Maneiro
encontrar tu! – também ocorre em:
a) Aquele livro era para nós uma joia, pois tinha
sido de nosso avô e de nosso pai.
b) Era uma situação embaraçosa e para eu me livrar
dela seria bastante difícil mesmo.
c) Todos tinham certeza de que ela ofereceria para
mim o primeiro pedaço de bolo.
d) Quando o pessoal chegou na frente do prédio, viu
ali ele com a namorada nova.
e) A todos volto a afirmar que entre mim e ti não
existem mais rancores nem tristezas.
Questão
8
(UFSCAR/ADAPTADA)
— Não refez então o capítulo? –
indagou ela logo que entrei.
— Oh, não, Miss Jane. Suas
palavras abriram-me os olhos. Convenci-me de que não possuo qualidades
literárias e não quero insistir – retruquei com ar ressentido.
— Pois tem de insistir – foi
sua resposta (...) Lembre-se do esforço incessante de Flaubert* para atingir a
luminosa clareza que só a sábia simplicidade dá. A ênfase, o empolado, o enfeite,
o contorcido, o rebuscamento de expressões, tudo isso nada tem com a arte de
escrever, porque é artifício e o artifício é a cuscuta** da arte. Puros
maneirismos que em nada contribuem para o fim supremo: a clara e fácil
expressão da idéia.
— Sim, Miss Jane, mas sem isso
fico sem estilo ...
Que finura de sorriso temperado
de meiguice aflorou nos lábios da minha amiga!
— Estilo o senhor Ayrton só o
terá quando perder em absoluto a preocupação de ter estilo. Que é estilo,
afinal?
— Estilo é ... – ia eu responder
de pronto, mas logo engasguei, e assim ficaria se ela muito naturalmente não mo
definisse de gentil maneira.
— ... é o modo de ser de cada
um. Estilo é como o rosto: cada qual possui o que Deus lhe deu. Procurar ter um
certo estilo vale tanto como procurar ter uma certa cara. Sai máscara
fatalmente – essa horrível coisa que é a máscara ...
— Mas o meu modo natural de ser
não tem encantos, Miss Jane, é bruto, grosseiro, inábil, ingênuo. Quer então
que escreva desta maneira?
— Pois perfeitamente! Seja como
é, e tudo quanto lhe parece defeito surgirá como qualidades, visto que será
reflexo da coisa única que tem valor num artista – a personalidade.
*Gustave Flaubert (1821–1880), escritor realista francês considerado um
dos maiores do Ocidente.
** planta parasita.
(Monteiro Lobato, O presidente negro.)
Do diálogo entre os dois personagens, pode-se
deduzir que a relação entre Ayrton e Miss Jane é de
a) animosidade.
b) respeito.
c) inveja.
d) competição.
e) indiferença.
Questão
9
(UNESP)
A questão toma por base um poema de Luís Delfino
(1834-1910) e a reprodução de um mosaico da Catedral de Monreale.
Jesus
Pantocrátor1
Há
na Itália, em Palermo, ou pouco ao pé, na igreja
De
Monreale, feita em mosaico, a divina
Figura
de Jesus Pantocrátor: domina
Aquela
face austera, aquele olhar troveja.
Não:
aquela cabeça é de um Deus, não se inclina.
À
árida pupila a doce, a benfazeja
Lágrima
falta, e o peito enorme não arqueja
À
dor. Fê-lo tremendo a ficção bizantina2.
Este
criou o inferno, e o espetáculo hediondo
Que
há nos frescos3 de Santo Stefano Rotondo4;
Este
do mundo antigo espedaçado assoma...
Este
não redimiu; não foi à Cruz: olhai-o:
Tem
o anátema5 à boca, às duas mãos o raio,
E
em vez do espinho à fronte as três coroas de Roma.
(Luís Delfino. Rosas negras, 1938.)
(1) Pantocrátor: que tudo rege, que governa tudo.
(2) Bizantina: referente ao Império Romano do
Oriente (330-1453 d.C.) e às manifestações culturais desse império.
(3) Fresco: o mesmo que afresco, pintura mural que
resulta da aplicação de cores diluídas em água sobre um revestimento ainda
fresco de argamassa, para facilitar a absorção da tinta.
(4) Santo Stefano Rotondo: igreja erigida por volta
de 460 d.C., em Roma, em homenagem a Santo Estêvão (Stefano, em italiano),
mártir do cristianismo.
(5) Anátema: reprovação enérgica, sentença de
maldição que expulsa da Igreja, excomunhão.
O pronome demonstrativo este, empregado no início dos versos de números 9, 11 e 12, faz
referência
a) ao peito enorme do Pantocrátor.
b) a Santo Estêvão.
c) ao próprio eu lírico.
d) à figura de Jesus Pantocrátor.
e) a Satanás, o mestre das trevas.
Questão
10
(UNESP)
Leia uma passagem do livro A vírgula, do filólogo
Celso Pedro Luft (1921-1995).
A vírgula no
vestibular de português
“Mas, esta, não é suficiente.”
“Porque, as respostas, não
satisfazem.”
“E por isso, surgem as
guerras.”
“E muitas vezes, ele não se
adapta ao meio em que vive.”
“Pois, o homem é um ser
social.”
“Muitos porém, se esquecem
que...”
“A sociedade deve pois, lutar
pela justiça social.”
Que é que você acha de quem
virgula assim?
Você vai dizer que não aprendeu
nada de pontuação quem semeia assim as vírgulas. Nem poderá dizer outra coisa.
Ou não lhe ensinaram, ou
ensinaram e ele não aprendeu. O certo é que ele se formou no curso secundário.
Lepidamente, sem maiores dificuldades. Mas a vírgula é um “objeto não
identificado”, para ele.
Para ele? Para eles. Para
muitos eles, uma legião. Amanhã serão doutores, e a vírgula continuará sendo um
objeto não identificado. Sim, porque os três ou quatro mil menos fracos
ultrapassam o vestíbulo... Com vírgula ou sem vírgula. Que a vírgula, convenhamos,
até que é um obstáculo meio frágil, um risquinho. Objeto não identificado? Não,
objeto invisível a olho nu. Pode passar despercebido até a muito olho de lince
de examinador...
— A vírgula, ora, direis, a
vírgula...
Mas é justamente essa miúda
coisa, esse risquinho, que maior informação nos dá sobre as qualidades do
ensino da língua escrita. Sobre o ensino do cerne mesmo da língua: a frase, sua
estrutura, composição e decomposição.
Da virgulação é que se pode
depreender a consciência, o grau de consciência que tem, quem escreve, do
pensamento e de sua expressão, do ir-e-vir do raciocínio, das hesitações, das
interpenetrações de ideias, das sequências e interdependências, e,
linguisticamente, da frase e sua constituição.
As vírgulas erradas, ao contrário,
retratam a confusão mental, a indisciplina do espírito, o mau domínio das
ideias e do fraseado.
Na minha carreira de professor,
fiz muitos testes de pontuação. E sempre ficou clara a relação entre a maneira
de pontuar e o grau de cociente intelectual.
Conclusão que tirei: os
exercícios de pontuação constituem um excelente treino para desenvolver a
capacidade de raciocinar e construir frases lógicas e equilibradas.
Quem ensina ou estuda a sintaxe
— que é a teoria da frase (ou o “tratado da construção”, como diziam os
gramáticos antigos) — forçosamente acaba na importância das pausas, cortes,
incidências, nexos, etc., elementos que vão se espelhar na pontuação, quando a
mensagem é escrita.
Pontuar bem é ter visão clara
da estrutura do pensamento e da frase. Pontuar bem é governar as rédeas da
frase. Pontuar bem é ter ordem, no pensar e na expressão.
“Ou não lhe ensinaram, ou
ensinaram e ele não aprendeu. O
certo é que ele se formou no curso
secundário.”
As palavras colocadas em negrito, nesta passagem,
I. são pronomes pessoais.
II. são pronomes pessoais do caso reto.
III. apresentam no contexto o mesmo referente.
IV. pertencem à terceira pessoa do singular.
As afirmações corretas estão contidas apenas em:
a) I e II.
b) II e III.
c) I, II e III.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.
Questão
11
(FUVEST)
Leia o texto a seguir para responder à questão.
Já na segurança da calçada, e
passando por um trecho em obras que atravanca nossos passos, lanço à
queima-roupa:
— Você conhece alguma cidade
mais feia do que São Paulo?
— Agora você me pegou, retruca,
rindo. Hã, deixa eu ver... Lembro-me de La Paz, a capital da Bolívia, que me
pareceu bem feia. Dizem que Bogotá é muito feiosa também, mas não a conheço.
Bem, São Paulo, no geral, é feia, mas as pessoas têm uma disposição para o
trabalho aqui, uma vibração empreendedora, que dá uma feição muito particular à
cidade. Acordar cedo em São Paulo e ver as pessoas saindo para trabalhar é algo
que me toca. Acho emocionante ver a garra dessa gente.
R. Moraes e R. Linsker. Estrangeiros em casa: uma
caminhada pela selva urbana de São Paulo.
National Geographic Brasil. Adaptado.
Ao reproduzir um diálogo, o texto incorpora marcas
de oralidade, tanto de ordem léxica, caso da palavra “garra”, quanto de ordem
gramatical, como, por exemplo,
a) “lanço à queima-roupa”.
b) “Agora você me pegou”.
c) “deixa eu ver”.
d) “Bogotá é muito feiosa”.
e) “é algo que me toca”.
Questão
12
(FUVEST)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
O
anúncio luminoso de um edifício em frente, acendendo e apagando, dava banhos
intermitentes de sangue na pele de seu braço repousado, e de sua face. Ela
estava sentada junto à janela e havia luar; e nos intervalos desse banho
vermelho ela era toda pálida e suave.
Na
roda havia um homem muito inteligente que falava muito; havia seu marido, todo
bovino; um pintor louro e nervoso; uma senhora recentemente desquitada, e eu.
Para que recensear a roda que falava de política e de pintura? Ela não dava
atenção a ninguém. Quieta, às vezes sorrindo quando alguém lhe dirigia a
palavra, ela apenas mirava o próprio braço, atenta à mudança da cor. Senti que
ela fruía nisso um prazer silencioso e longo. "Muito!", disse quando
alguém lhe perguntou se gostara de um certo quadro - e disse mais algumas
palavras; mas mudou um pouco a posição do braço e continuou a se mirar,
interessada em si mesma, com um ar sonhador.
Rubem Braga, A mulher que ia navegar.
O termo destacado no trecho "Senti que ela
fruía NISSO um prazer silencioso e longo" refere-se, no texto,
a) ao sorriso que ela dava quando lhe dirigiam a
palavra.
b) ao prazer silencioso e longo que ela fruía ao
sorrir.
c) à percepção do efeito das luzes do anúncio em
seu braço.
d) à falta de atenção aos que se encontravam ali
reunidos.
e) à alegria da roda de amigos que falavam de
política e de pintura.
Questão
13
(FUVEST)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Um homem precisa viajar. Por
sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por
si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as
suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para conhecer o calor.
E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto.
Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa
arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é
ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando
deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.
Amyr Klink, Mar sem fim.
Na frase "QUE nos faz professores e doutores
do que não vimos", o pronome destacado retoma a expressão antecedente
a) "para lugares".
b) "o mundo".
c) "um homem".
d) "essa arrogância".
e) "como o imaginamos".
Questão
14
(UNIFESP)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
JUVENTUDE
ALÉM DOS ANOS
Fui
à exposição dos czares russos, recentemente encerrada. Em plena quinta-feira à
tarde, notei dois grupos distintos: adolescentes e idosos. Ambos animadíssimos.
Uma senhora à minha frente comentou, diante de uma vestimenta de veludo, toda
bordada:
-
Já tive um vestido parecido!
Observei-a. Deve ter ficado
parecida com um tapete! Outras se encantavam com bules, saleiros, ícones. Puxei
conversa:
-
Está gostando? - perguntei a uma delas.
-
Ah, sempre é bom conhecer coisas novas!
Surpreendi-me.
Fui criado com a ideia de que as pessoas se aposentam e se lamentam por tudo
que não fizeram. Diante de mim estava uma senhora cheia de vida, disposta a
aprender, apesar dos cabelos grisalhos.
Lembrei-me
da mãe de um amigo que, ao ficar viúva, mudou completamente. Deu todos os
móveis. E também os porta-retratos, medalhas, jogos de louça, faqueiros, copos.
Até presentes que guardava da época do casamento! Alugou seu apartamento de
classe média. Foi para um bem menor, mais fácil de cuidar. Com a renda, passou
a viajar em excursões. Encontrei-a há pouco tempo. Rejuvenescida. Cabelinhos
curtos, roupas práticas e alegres.
-
Agora que meus filhos estão criados, quero aproveitar!
Resultado:
seus netos a adoram!
(Walcyr Carrasco, Veja SP, 06.07.2005.)
Considere os trechos:
Observei-A.
Encontrei-A há pouco tempo.
- Agora que MEUS filhos estão criados...
No texto de Walcyr Carrasco, os pronomes em
destaque referem- se, respectivamente,
a) a uma senhora, a uma senhora cheia de vida, à
mãe de um amigo.
b) à vestimenta de veludo, a uma senhora cheia de
vida, ao narrador.
c) a uma senhora, à mãe de um amigo, à mãe de um amigo.
d) à vestimenta de veludo, à mãe de um amigo, ao
narrador.
e) a uma senhora, à mãe de um amigo, a uma senhora
cheia de vida.
Questão
15
(FUVEST)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
“- Assim, pois, o sacristão da
Sé, um dia, ajudando a missa, viu entrar a dama, que devia ser sua colaboradora
na vida de D. Plácida. Viu-a outros dias, durante semanas inteiras, gostou,
disse-lhe alguma graça, pisou-lhe o pé, ao acender os altares, nos dias de
festa. Ela gostou dele, acercaram-se, amaram-se. Dessa conjunção de luxúrias
vadias brotou D. Plácida. É de crer que D. Plácida não falasse ainda quando
nasceu, mas se falasse podia dizer aos autores de seus dias: - Aqui estou. Para
que me chamastes? E o sacristão e a sacristã naturalmente lhe responderiam: -
Chamamos-te para queimar os dedos nos tachos, os olhos na costura, comer mal,
ou não comer, andar de um lado para outro, na faina, adoecendo e sarando, com o
fim de tornar a adoecer e sarar outra vez, triste agora, logo desesperada,
amanhã resignada, mas sempre com as mãos no tacho e os olhos na costura, até
acabar um dia na lama ou no hospital; foi para isso que te chamamos, num
momento de simpatia".
(Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas)
No trecho, "pisou-lhe o pé", o pronome "lhe" assume valor possessivo,
tal como ocorre em uma das seguintes frases, também extraídas de "Memórias
póstumas de Brás Cubas":
a) "falei-lhe do marido, da filha, dos
negócios, de tudo".
b) "mas enfim contei-lhe o motivo da minha
ausência".
c) "se o relógio parava, eu dava-lhe
corda".
d) "Procure-me, disse eu, poderei arranjar-lhe
alguma coisa".
e) "envolvida numa espécie de mantéu, que lhe disfarçava as
ondulações do talhe".
GABARITO
1.D 2.D 3. A 4.C 5.D 6.A 7.D 8.B 9.D 10.D 11.C 12.C
13.D 14.C 15.E
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