quarta-feira, 23 de julho de 2014

Lista de livros 2015

E dois dos mais concorridos vestibulares do país, Unicamp e Fuvest, já publicaram suas listas de livros para o vestibular 2015.


As universidades não inovaram, mantiveram os mesmos títulos de 2013 e 2014, confira:


  • Viagens na minha terra – Almeida Garrett;
  • Til – José de Alencar;
  • Memórias de um sargento de milícias – Manuel Antônio de Almeida;
  • Memórias póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis;
  • O cortiço - Aluísio Azevedo;
  • A cidade e as serras - Eça de Queirós;
  • Vidas secas - Graciliano Ramos;
  • Capitães da areia – Jorge Amado;
  • Sentimento do mundo – Carlos Drummond de Andrade.
Bons estudos, pessoal!!

Simulado Pronomes


Pessoais, Reflexivos, Possessivos, Demonstrativos....são tantos os tipos...você se confunde na utilização dos pronomes em Língua Portuguesa?
Realize o nosso desafio e conheça um pouco mais sobre os pronomes e suas aplicações na nossa língua.


Questão 1
(UNESP/ADAPTADA)
Os donos da comunicação

Os presidentes, os ditadores e os reis da Espanha que se cuidem porque os donos da comunicação duram muito mais. Os ditadores abrem e fecham a imprensa, os presidentes xingam a TV e os reis da Espanha cassam o rádio, mas, quando a gente soma tudo, os donos da comunicação ainda tão por cima. Mandam na economia, mandam nos intelectuais, mandam nas moças fofinhas que querem aparecer nos shows dos horários nobres e mandam no society que morre se o nome não aparecer nas colunas.

Todo mundo fala mal dos donos da comunicação, mas só de longe. E ninguém fala mal deles por escrito porque quem fala mal deles por escrito nunca mais vê seu nome e sua cara nos “veículos” deles. Isso é assim aqui, na Bessarábia e na Baixa Betuanalândia. Parece que é a lei. O que também é muito justo porque os donos da comunicação são seres lá em cima. Basta ver o seguinte: nós, pra sabermos umas coisinhas, só sabemos delas pela mídia deles, não é mesmo? Agora vocês já imaginaram o que sabem os donos da comunicação que só deixam sair 10% do que sabem?

Pois é; tem gente que faz greve, faz revolução, faz terrorismo, todas essas besteiras. Corajoso mesmo, eu acho, é falar mal de dono de comunicação. Aí tua revolução fica xinfrim, teu terrorismo sai em corpo 6 e se você morre vai lá pro fundo do jornal em quatro linhas.
(Millôr Fernandes. Que país é este?, 1978.)


No último período do texto, a discrepância dos possessivos teu e tua (segunda pessoa do singular) com relação ao pronome de tratamento você (terceira pessoa do singular) justifica-se como

a) possibilidade permitida pelo novo sistema ortográfico da língua portuguesa.
b) um modo de escrever característico da linguagem jornalística.
c) emprego perfeitamente correto, segundo a gramática normativa.
d) aproveitamento estilístico de um uso do discurso coloquial.
e) intenção de agredir com mau discurso os donos da comunicação.


Questão 2
(UNESP/ADAPTADA)
O fim do marketing
A empresa vende ao consumidor — com a web não é mais assim.

Com a internet se tornando onipresente, os Quatro Ps do marketing — produto, praça, preço e promoção — não funcionam mais. O paradigma era simples e unidirecional: as
empresas vendem aos consumidores. Nós criamos produtos; fixamos preços; definimos os locais onde vendê-los; e fazemos anúncios. Nós controlamos a mensagem. A internet transforma todas essas atividades.
(...)
Os produtos agora são customizados em massa, envolvem serviços e são marcados pelo conhecimento e os gostos dos consumidores. Por meio de comunidades online, os consumidores hoje participam do desenvolvimento do produto. Produtos estão se tornando experiências. Estão mortas as velhas concepções industriais na definição e marketing de produtos.
(...)
Graças às vendas online e à nova dinâmica do mercado, os preços fixados pelo fornecedor estão sendo cada vez mais desafiados. Hoje questionamos até o conceito de “preço”, à medida que os consumidores ganham acesso a ferramentas que lhes permitem determinar quanto querem pagar. Os consumidores vão oferecer vários preços por um produto, dependendo de condições específicas. Compradores e vendedores trocam mais informações e o preço se torna fluido. Os mercados, e não as empresas, decidem sobre os preços de produtos e serviços.
(...)
A empresa moderna compete em dois mundos: um físico (a praça, ou marketplace) e um mundo digital de informação (o espaço mercadológico, ou marketspace). As empresas não
devem preocupar-se com a criação de um web site vistoso, mas sim de uma grande comunidade online e com o capital de relacionamento. Corações, e não olhos, são o que conta.
Dentro de uma década, a maioria dos produtos será vendida no espaço mercadológico. Uma nova fronteira de comércio é a marketface — a interface entre o marketplace e o marketspace.
(...)
Publicidade, promoção, relações públicas etc. exploram “mensagens” unidirecionais, de um-para-muitos e de tamanho único, dirigidas a consumidores sem rosto e sem poder. As comunidades online perturbam drasticamente esse modelo. Os consumidores com frequência têm acesso a informações sobre os produtos, e o poder passa para o lado deles. São eles que controlam as regras do mercado, não você. Eles escolhem o meio e a mensagem. Em vez de receber mensagens enviadas por profissionais de relações públicas, eles criam a “opinião pública” online.
Os marqueteiros estão perdendo o controle, e isso é muito bom.

(Don Tapscott. O fim do marketing. INFO, São Paulo,
Editora Abril, janeiro 2011, p. 22.)

São eles que controlam as regras do mercado, não você. Eles escolhem o meio e a mensagem. Em vez de receber mensagens enviadas por profissionais de relações públicas, eles criam a “opinião pública” online.

Nesta passagem do penúltimo parágrafo do texto, o autor repete por três vezes o pronome eles, para referir-se enfaticamente aos

a) proprietários de lojas.
b) veículos de comunicação.
c) profissionais de relações públicas.
d) consumidores online.
e) fabricantes dos produtos.



Questão 3
(UNESP/ ADAPTADA)
Para responder à questão a seguir, leia o fragmento de um livro do búlgaro Tzvetan Todorov (1939-), linguista e teórico da literatura.

A literatura em perigo
A análise das obras feita na escola não deveria mais ter por objetivo ilustrar os conceitos recém-introduzidos por este ou aquele linguista, este ou aquele teórico da literatura, quando, então, os textos são apresentados como uma aplicação da língua e do discurso; sua tarefa deveria ser a de nos fazer ter acesso ao sentido dessas obras — pois postulamos que esse sentido, por sua vez, nos conduz a um conhecimento do humano, o qual importa a todos. Como já o disse, essa ideia não é estranha a uma boa parte do próprio mundo do ensino; mas é necessário passar das ideias à ação. Num relatório estabelecido pela Associação dos Professores de Letras, podemos ler: “O estudo de Letras implica o estudo do homem, sua relação consigo mesmo e com o mundo, e sua relação com os outros.” Mais exatamente, o estudo da obra remete a círculos concêntricos cada vez mais amplos: o dos outros escritos do mesmo autor, o da literatura nacional, o da literatura mundial; mas seu contexto final, o mais importante de todos, nos é efetivamente dado pela própria existência humana. Todas as grandes obras, qualquer que seja sua origem, demandam uma reflexão dessa dimensão.
O que devemos fazer para desdobrar o sentido de uma obra e revelar o pensamento do artista? Todos os “métodos” são bons, desde que continuem a ser meios, em vez de se tornarem fins em si mesmos. (...)
(...)
(...) Sendo o objeto da literatura a própria condição humana, aquele que a lê e a compreende se tornará não um especialista em análise literária, mas um conhecedor do ser humano. Que melhor introdução à compreensão das paixões e dos comportamentos humanos do que uma imersão na obra dos grandes escritores que se dedicam a essa tarefa há milênios? E, de imediato: que melhor preparação pode haver para todas as profissões baseadas nas relações humanas? Se entendermos assim a literatura e orientarmos dessa maneira o seu ensino, que ajuda mais preciosa poderia encontrar o futuro estudante de direito ou de ciências políticas, o futuro assistente social ou psicoterapeuta, o historiador ou o sociólogo? Ter como professores Shakespeare e Sófocles, Dostoievski e Proust não é tirar proveito de um ensino excepcional? E não se vê que mesmo um futuro médico, para exercer o seu ofício, teria mais
a aprender com esses mesmos professores do que com os manuais preparatórios para concurso que hoje determinam o seu destino? Assim, os estudos literários encontrariam o seu lugar no coração das humanidades, ao lado da história dos eventos e das ideias, todas essas disciplinas fazendo progredir o pensamento e se alimentando tanto de obras quanto de doutrinas, tanto de ações políticas quanto de mutações sociais, tanto da vida dos povos quanto da de seus indivíduos.
Se aceitarmos essa finalidade para o ensino literário, o qual não serviria mais unicamente à reprodução dos professores de Letras, podemos facilmente chegar a um acordo sobre o espírito que o deve conduzir: é necessário incluir as obras no grande diálogo entre os homens, iniciado desde a noite dos tempos e do qual cada um de nós, por mais ínfimo que seja, ainda participa. “É nessa comunicação inesgotável, vitoriosa do espaço e do tempo, que se afirma o alcance universal da literatura”, escrevia Paul Bénichou. A nós, adultos, nos cabe
transmitir às novas gerações essa herança frágil, essas palavras que ajudam a viver melhor.

(Tzvetan Todorov. A literatura em perigo. 2 ed. Trad. Caio Meira. Rio de Janeiro: DIFEL, 2009, p. 89-94.)

Considerando que o pronome o, usado na sequência que o deve conduzir, tem valor anafórico, isto é, faz referência a um termo já enunciado no último parágrafo, identifique esse termo.

a) Ensino literário.
b) Professores de Letras.
c) Acordo.
d) Espírito.
e) Grande diálogo.


Questão 4
(FUVEST/ADAPTADA)
Leia o trecho e responda a questão a seguir.

Não era e não podia o pequeno reino lusitano ser uma potência colonizadora à feição da antiga Grécia. O surto marítimo que enche sua história do século XV não resultara do extravasamento de nenhum excesso de população, mas fora apenas provocado por uma burguesia comercial sedenta de lucros, e que não encontrava no reduzido território pátrio satisfação à sua desmedida ambição. A ascensão do fundador da Casa de Avis ao trono português trouxe esta burguesia para um primeiro plano. Fora ela quem, para se livrar da ameaça castelhana e do poder da nobreza, representado pela Rainha Leonor Teles, cingira o Mestre de Avis com a coroa lusitana. Era ela, portanto, quem devia merecer do novo rei o melhor das suas atenções. Esgotadas as possibilidades do reino com as pródigas dádivas reais, restou apenas o recurso da expansão externa para contentar os insaciáveis companheiros de D. João I.

Caio Prado Júnior, Evolução política do Brasil. Adaptado.

O pronome "ela" da frase "Era ela, portanto, quem devia merecer do novo rei o melhor das suas atenções", refere-se a

a) “desmedida ambição”.
b) “Casa de Avis”.
c) “esta burguesia”.
d) “ameaça castelhana”.
e) “Rainha Leonor Teles”.

Questão 5
(UNIFESP/ADAPTADA)
Leia o texto a seguir para responder à questão que segue.

O silêncio é a matéria significante por excelência, um continuum significante. O real da comunicação é o silêncio. E como o nosso objeto de reflexão é o discurso, chegamos a uma outra afirmação que sucede a essa: o silêncio é o real do discurso.
O homem está “condenado” a significar. Com ou sem palavras, diante do mundo, há uma injunção à “interpretação”: tudo tem de fazer sentido (qualquer que ele seja). O homem
está irremediavelmente constituído pela sua relação com o simbólico.
Numa certa perspectiva, a dominante nos estudos dos signos, se produz uma sobreposição entre linguagem (verbal e não-verbal) e significação.
Disso decorreu um recobrimento dessas duas noções, resultando uma redução pela qual qualquer matéria significante fala, isto é, é remetida à linguagem (sobretudo verbal) para que lhe seja atribuído sentido.
Nessa mesma direção, coloca-se o “império do verbal” em nossas formas sociais: traduz-se o silêncio em palavras. Vê-se assim o silêncio como linguagem e perde-se sua especificidade, enquanto matéria significante distinta da linguagem.
(Eni Orlandi. As formas do silêncio, 1997.)

Na oração do 4.º parágrafo – [...] para que lhe seja atribuído sentido. –, o pronome “lhe” substitui a expressão

a) um recobrimento.
b) uma redução.
c) linguagem e significação.
d) qualquer matéria significante.
e) o silêncio.


Questão 6
(UNIFESP/ADAPTADA)
Leia o texto a seguir para responder à questão.

Um sarau é o bocado mais delicioso que temos, de telhado abaixo. Em um sarau todo o mundo tem que fazer. O diplomata ajusta, com um copo de champagne na mão, os mais intrincados negócios; todos murmuram, e não há quem deixe de ser murmurado. O velho lembra-se dos minuetes e das cantigas do seu tempo, e o moço goza todos os regalos da sua época; as moças são no sarau como as estrelas no céu; estão no seu elemento: aqui uma, cantando suave cavatina, eleva-se vaidosa nas asas dos aplausos, por entre os quais surde, às vezes, um bravíssimo inopinado, que solta de lá da sala do jogo o parceiro que acaba de ganhar sua partida no écarté, mesmo na ocasião em que a moça se espicha completamente, desafinando um sustenido; daí a pouco vão outras, pelos braços de seus pares, se deslizando pela sala e marchando em seu passeio, mais a compasso que qualquer de nossos batalhões da Guarda Nacional, ao mesmo tempo que conversam sempre sobre objetos inocentes que movem olhaduras e risadinhas apreciáveis. Outras criticam de uma gorducha vovó, que ensaca nos bolsos meia bandeja de doces que veio para o chá, e que ela leva aos pequenos que, diz, lhe ficaram em casa. Ali vê-se um ataviado dandy que dirige mil finezas a uma senhora idosa, tendo os olhos pregados na sinhá, que senta-se ao lado. Finalmente, no sarau não é essencial ter cabeça nem boca, porque, para alguns é regra, durante ele, pensar pelos pés e falar pelos olhos.
E o mais é que nós estamos num sarau. Inúmeros batéis conduziram da corte para a ilha de... senhoras e senhores, recomendáveis por caráter e qualidades; alegre, numerosa e escolhida sociedade enche a grande casa, que brilha e mostra em toda a parte borbulhar o prazer e o bom gosto.
Entre todas essas elegantes e agradáveis moças, que com aturado empenho se esforçam para ver qual delas vence em graças, encantos e donaires, certo sobrepuja a travessa
Moreninha, princesa daquela festa.
(Joaquim Manuel de Macedo. A Moreninha, 1997.)

Assinale a alternativa em que a eliminação do pronome em destaque implica, contextualmente, mudança do sujeito do verbo.

a) Ali vê-se um ataviado dandy [...].
b) [...] aqui uma, cantando suave cavatina, eleva-se vaidosa nas asas dos aplausos [...].
c) O velho lembra-se dos minuetes e das cantigas do seu tempo [...].
d) [...] mesmo na ocasião em que a moça se espicha completamente [...].
e) [...] daí a pouco vão outras, pelos braços de seus pares, se deslizando pela sala [...].


Questão 7
(UNIFESP)
Examine a tira.


Bastante comum na fala coloquial, o modo de se empregar o pronome na fala da personagem – Maneiro encontrar tu! – também ocorre em:

a) Aquele livro era para nós uma joia, pois tinha sido de nosso avô e de nosso pai.
b) Era uma situação embaraçosa e para eu me livrar dela seria bastante difícil mesmo.
c) Todos tinham certeza de que ela ofereceria para mim o primeiro pedaço de bolo.
d) Quando o pessoal chegou na frente do prédio, viu ali ele com a namorada nova.
e) A todos volto a afirmar que entre mim e ti não existem mais rancores nem tristezas.

Questão 8
(UFSCAR/ADAPTADA)

— Não refez então o capítulo? – indagou ela logo que entrei.
— Oh, não, Miss Jane. Suas palavras abriram-me os olhos. Convenci-me de que não possuo qualidades literárias e não quero insistir – retruquei com ar ressentido.
— Pois tem de insistir – foi sua resposta (...) Lembre-se do esforço incessante de Flaubert* para atingir a luminosa clareza que só a sábia simplicidade dá. A ênfase, o empolado, o enfeite, o contorcido, o rebuscamento de expressões, tudo isso nada tem com a arte de escrever, porque é artifício e o artifício é a cuscuta** da arte. Puros maneirismos que em nada contribuem para o fim supremo: a clara e fácil expressão da idéia.
— Sim, Miss Jane, mas sem isso fico sem estilo ...
Que finura de sorriso temperado de meiguice aflorou nos lábios da minha amiga!
— Estilo o senhor Ayrton só o terá quando perder em absoluto a preocupação de ter estilo. Que é estilo, afinal?
— Estilo é ... – ia eu responder de pronto, mas logo engasguei, e assim ficaria se ela muito naturalmente não mo definisse de gentil maneira.
— ... é o modo de ser de cada um. Estilo é como o rosto: cada qual possui o que Deus lhe deu. Procurar ter um certo estilo vale tanto como procurar ter uma certa cara. Sai máscara fatalmente – essa horrível coisa que é a máscara ...
— Mas o meu modo natural de ser não tem encantos, Miss Jane, é bruto, grosseiro, inábil, ingênuo. Quer então que escreva desta maneira?
— Pois perfeitamente! Seja como é, e tudo quanto lhe parece defeito surgirá como qualidades, visto que será reflexo da coisa única que tem valor num artista – a personalidade.

*Gustave Flaubert (1821–1880), escritor realista francês considerado um dos maiores do Ocidente.
** planta parasita.
(Monteiro Lobato, O presidente negro.)

Do diálogo entre os dois personagens, pode-se deduzir que a relação entre Ayrton e Miss Jane é de

a) animosidade.
b) respeito.
c) inveja.
d) competição.
e) indiferença.

Questão 9
(UNESP)
A questão toma por base um poema de Luís Delfino (1834-1910) e a reprodução de um mosaico da Catedral de Monreale.

Jesus Pantocrátor1

Há na Itália, em Palermo, ou pouco ao pé, na igreja
De Monreale, feita em mosaico, a divina
Figura de Jesus Pantocrátor: domina
Aquela face austera, aquele olhar troveja.

Não: aquela cabeça é de um Deus, não se inclina.
À árida pupila a doce, a benfazeja
Lágrima falta, e o peito enorme não arqueja
À dor. Fê-lo tremendo a ficção bizantina2.

Este criou o inferno, e o espetáculo hediondo
Que há nos frescos3 de Santo Stefano Rotondo4;
Este do mundo antigo espedaçado assoma...

Este não redimiu; não foi à Cruz: olhai-o:
Tem o anátema5 à boca, às duas mãos o raio,
E em vez do espinho à fronte as três coroas de Roma.

(Luís Delfino. Rosas negras, 1938.)

(1) Pantocrátor: que tudo rege, que governa tudo.
(2) Bizantina: referente ao Império Romano do Oriente (330-1453 d.C.) e às manifestações culturais desse império.
(3) Fresco: o mesmo que afresco, pintura mural que resulta da aplicação de cores diluídas em água sobre um revestimento ainda fresco de argamassa, para facilitar a absorção da tinta.
(4) Santo Stefano Rotondo: igreja erigida por volta de 460 d.C., em Roma, em homenagem a Santo Estêvão (Stefano, em italiano), mártir do cristianismo.
(5) Anátema: reprovação enérgica, sentença de maldição que expulsa da Igreja, excomunhão.

                            


O pronome demonstrativo este, empregado no início dos versos de números 9, 11 e 12, faz referência
a) ao peito enorme do Pantocrátor.  
b) a Santo Estêvão.  
c) ao próprio eu lírico.  
d) à figura de Jesus Pantocrátor.
e) a Satanás, o mestre das trevas.  

Questão 10
(UNESP)
Leia uma passagem do livro A vírgula, do filólogo Celso Pedro Luft (1921-1995).

A vírgula no vestibular de português

“Mas, esta, não é suficiente.”
“Porque, as respostas, não satisfazem.”
“E por isso, surgem as guerras.”
“E muitas vezes, ele não se adapta ao meio em que vive.”
“Pois, o homem é um ser social.”
“Muitos porém, se esquecem que...”
“A sociedade deve pois, lutar pela justiça social.”

Que é que você acha de quem virgula assim?
Você vai dizer que não aprendeu nada de pontuação quem semeia assim as vírgulas. Nem poderá dizer outra coisa.
Ou não lhe ensinaram, ou ensinaram e ele não aprendeu. O certo é que ele se formou no curso secundário. Lepidamente, sem maiores dificuldades. Mas a vírgula é um “objeto não identificado”, para ele.
Para ele? Para eles. Para muitos eles, uma legião. Amanhã serão doutores, e a vírgula continuará sendo um objeto não identificado. Sim, porque os três ou quatro mil menos fracos ultrapassam o vestíbulo... Com vírgula ou sem vírgula. Que a vírgula, convenhamos, até que é um obstáculo meio frágil, um risquinho. Objeto não identificado? Não, objeto invisível a olho nu. Pode passar despercebido até a muito olho de lince de examinador...
— A vírgula, ora, direis, a vírgula...
Mas é justamente essa miúda coisa, esse risquinho, que maior informação nos dá sobre as qualidades do ensino da língua escrita. Sobre o ensino do cerne mesmo da língua: a frase, sua estrutura, composição e decomposição.
Da virgulação é que se pode depreender a consciência, o grau de consciência que tem, quem escreve, do pensamento e de sua expressão, do ir-e-vir do raciocínio, das hesitações, das interpenetrações de ideias, das sequências e interdependências, e, linguisticamente, da frase e sua constituição.
As vírgulas erradas, ao contrário, retratam a confusão mental, a indisciplina do espírito, o mau domínio das ideias e do fraseado.
Na minha carreira de professor, fiz muitos testes de pontuação. E sempre ficou clara a relação entre a maneira de pontuar e o grau de cociente intelectual.
Conclusão que tirei: os exercícios de pontuação constituem um excelente treino para desenvolver a capacidade de raciocinar e construir frases lógicas e equilibradas.
Quem ensina ou estuda a sintaxe — que é a teoria da frase (ou o “tratado da construção”, como diziam os gramáticos antigos) — forçosamente acaba na importância das pausas, cortes, incidências, nexos, etc., elementos que vão se espelhar na pontuação, quando a mensagem é escrita.
Pontuar bem é ter visão clara da estrutura do pensamento e da frase. Pontuar bem é governar as rédeas da frase. Pontuar bem é ter ordem, no pensar e na expressão.


“Ou não lhe ensinaram, ou ensinaram e ele não aprendeu. O certo é que ele se formou no curso secundário.”

As palavras colocadas em negrito, nesta passagem,
I. são pronomes pessoais.
II. são pronomes pessoais do caso reto.
III. apresentam no contexto o mesmo referente.
IV. pertencem à terceira pessoa do singular.

As afirmações corretas estão contidas apenas em:
a) I e II.  
b) II e III.  
c) I, II e III.  
d) I, III e IV.  
e) II, III e IV.  

Questão 11
(FUVEST)
Leia o texto a seguir para responder à questão.

Já na segurança da calçada, e passando por um trecho em obras que atravanca nossos passos, lanço à queima-roupa:
— Você conhece alguma cidade mais feia do que São Paulo?
— Agora você me pegou, retruca, rindo. Hã, deixa eu ver... Lembro-me de La Paz, a capital da Bolívia, que me pareceu bem feia. Dizem que Bogotá é muito feiosa também, mas não a conheço. Bem, São Paulo, no geral, é feia, mas as pessoas têm uma disposição para o trabalho aqui, uma vibração empreendedora, que dá uma feição muito particular à cidade. Acordar cedo em São Paulo e ver as pessoas saindo para trabalhar é algo que me toca. Acho emocionante ver a garra dessa gente.
R. Moraes e R. Linsker. Estrangeiros em casa: uma
caminhada pela selva urbana de São Paulo.
National Geographic Brasil. Adaptado.

Ao reproduzir um diálogo, o texto incorpora marcas de oralidade, tanto de ordem léxica, caso da palavra “garra”, quanto de ordem gramatical, como, por exemplo,
a) “lanço à queima-roupa”.  
b) “Agora você me pegou”.  
c) “deixa eu ver”.
d) “Bogotá é muito feiosa”.  
e) “é algo que me toca”.  


Questão 12
(FUVEST)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
                O anúncio luminoso de um edifício em frente, acendendo e apagando, dava banhos intermitentes de sangue na pele de seu braço repousado, e de sua face. Ela estava sentada junto à janela e havia luar; e nos intervalos desse banho vermelho ela era toda pálida e suave.
                Na roda havia um homem muito inteligente que falava muito; havia seu marido, todo bovino; um pintor louro e nervoso; uma senhora recentemente desquitada, e eu. Para que recensear a roda que falava de política e de pintura? Ela não dava atenção a ninguém. Quieta, às vezes sorrindo quando alguém lhe dirigia a palavra, ela apenas mirava o próprio braço, atenta à mudança da cor. Senti que ela fruía nisso um prazer silencioso e longo. "Muito!", disse quando alguém lhe perguntou se gostara de um certo quadro - e disse mais algumas palavras; mas mudou um pouco a posição do braço e continuou a se mirar, interessada em si mesma, com um ar sonhador.
Rubem Braga, A mulher que ia navegar.


O termo destacado no trecho "Senti que ela fruía NISSO um prazer silencioso e longo" refere-se, no texto,
a) ao sorriso que ela dava quando lhe dirigiam a palavra.  
b) ao prazer silencioso e longo que ela fruía ao sorrir.  
c) à percepção do efeito das luzes do anúncio em seu braço.
d) à falta de atenção aos que se encontravam ali reunidos.  
e) à alegria da roda de amigos que falavam de política e de pintura.  


Questão 13
(FUVEST)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para conhecer o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.
                Amyr Klink, Mar sem fim.


Na frase "QUE nos faz professores e doutores do que não vimos", o pronome destacado retoma a expressão antecedente

a) "para lugares".  
b) "o mundo".  
c) "um homem".  
d) "essa arrogância".
e) "como o imaginamos".  

Questão 14
(UNIFESP)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
JUVENTUDE ALÉM DOS ANOS

                Fui à exposição dos czares russos, recentemente encerrada. Em plena quinta-feira à tarde, notei dois grupos distintos: adolescentes e idosos. Ambos animadíssimos. Uma senhora à minha frente comentou, diante de uma vestimenta de veludo, toda bordada:
                - Já tive um vestido parecido!
Observei-a. Deve ter ficado parecida com um tapete! Outras se encantavam com bules, saleiros, ícones. Puxei conversa:
                - Está gostando? - perguntei a uma delas.
                - Ah, sempre é bom conhecer coisas novas!
                Surpreendi-me. Fui criado com a ideia de que as pessoas se aposentam e se lamentam por tudo que não fizeram. Diante de mim estava uma senhora cheia de vida, disposta a aprender, apesar dos cabelos grisalhos.
                Lembrei-me da mãe de um amigo que, ao ficar viúva, mudou completamente. Deu todos os móveis. E também os porta-retratos, medalhas, jogos de louça, faqueiros, copos. Até presentes que guardava da época do casamento! Alugou seu apartamento de classe média. Foi para um bem menor, mais fácil de cuidar. Com a renda, passou a viajar em excursões. Encontrei-a há pouco tempo. Rejuvenescida. Cabelinhos curtos, roupas práticas e alegres.
                - Agora que meus filhos estão criados, quero aproveitar!
                Resultado: seus netos a adoram!
(Walcyr Carrasco, Veja SP, 06.07.2005.)



Considere os trechos:

Observei-A.
Encontrei-A há pouco tempo.
- Agora que MEUS filhos estão criados...

No texto de Walcyr Carrasco, os pronomes em destaque referem- se, respectivamente,
a) a uma senhora, a uma senhora cheia de vida, à mãe de um amigo.  
b) à vestimenta de veludo, a uma senhora cheia de vida, ao narrador.  
c) a uma senhora, à mãe de um amigo, à mãe de um amigo.
d) à vestimenta de veludo, à mãe de um amigo, ao narrador.  
e) a uma senhora, à mãe de um amigo, a uma senhora cheia de vida.  

Questão 15
(FUVEST)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
“- Assim, pois, o sacristão da Sé, um dia, ajudando a missa, viu entrar a dama, que devia ser sua colaboradora na vida de D. Plácida. Viu-a outros dias, durante semanas inteiras, gostou, disse-lhe alguma graça, pisou-lhe o pé, ao acender os altares, nos dias de festa. Ela gostou dele, acercaram-se, amaram-se. Dessa conjunção de luxúrias vadias brotou D. Plácida. É de crer que D. Plácida não falasse ainda quando nasceu, mas se falasse podia dizer aos autores de seus dias: - Aqui estou. Para que me chamastes? E o sacristão e a sacristã naturalmente lhe responderiam: - Chamamos-te para queimar os dedos nos tachos, os olhos na costura, comer mal, ou não comer, andar de um lado para outro, na faina, adoecendo e sarando, com o fim de tornar a adoecer e sarar outra vez, triste agora, logo desesperada, amanhã resignada, mas sempre com as mãos no tacho e os olhos na costura, até acabar um dia na lama ou no hospital; foi para isso que te chamamos, num momento de simpatia".
(Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas)


No trecho, "pisou-lhe o pé", o pronome "lhe" assume valor possessivo, tal como ocorre em uma das seguintes frases, também extraídas de "Memórias póstumas de Brás Cubas":
a) "falei-lhe do marido, da filha, dos negócios, de tudo".  
b) "mas enfim contei-lhe o motivo da minha ausência".  
c) "se o relógio parava, eu dava-lhe corda".  
d) "Procure-me, disse eu, poderei arranjar-lhe alguma coisa".  
e) "envolvida numa espécie de mantéu, que lhe disfarçava as ondulações do talhe".


GABARITO

1.D         2.D         3. A        4.C         5.D         6.A         7.D         8.B         9.D         10.D       11.C       12.C 13.D             14.C       15.E 

domingo, 12 de janeiro de 2014

Simulado Modernismo Português

Simulado Modernismo Português

Problemas para entender o Modernismo em Portugal e seus desdobramentos no cenário cultural?
Realize o simulado sobre Modernismo em Portugal e tire suas dúvidas.

1. (MACKENZIE)

Graças a Deus que estou doido!
Que tudo quanto dei me voltou em lixo,
E, como cuspo atirado ao vento,
Me dispersou pela cara livre!
Que tudo quanto fui me atou aos pés,
Com a sarapilheira para embrulhar coisa nenhuma!
Que tudo quanto pensei me faz cócegas na garganta
E me faz vomitar sem eu ter comido nada!

O trecho anterior faz parte da obra de um dos heterônimos de Fernando Pessoa. Assinale a alternativa em que aparece outro trecho do mesmo heterônimo.

a) Vi sempre o mundo independentemente de mim.
Por trás disso estavam as minhas sensações vivíssimas,
Mas isso era outro mundo.
Contudo a minha mágoa nunca me fez ver negro o que
era cor de laranja.
Acima de tudo o mundo externo!
Eu que me aguente comigo e com os comigos de mim.

b) Tudo o que é sério pouco nos importe,
O grave pouco pese,
O natural impulso dos instintos
Que ceda ao inútil gozo
(sob a sombra tranquila do arvoredo)
De jogar um bom jogo.

c) O deus Pã não morreu,
Cada campo que mostra
Aos sorrisos de Apolo
Os peitos nus de Ceres -
Cedo ou tarde vereis
Por lá aparecer
O deus Pã, o imortal.

d) Da mais alta janela da minha casa
Com um lenço branco digo adeus
Aos meus versos que partem para a humanidade
E não estou alegre nem triste.
Este é o destino dos versos.
Escrevi-os e devo mostrá-los a todos
Porque não posso fazer o contrário
Como a flor não pode esconder a cor,
Nem o rio esconder que corre,
Nem a árvore esconder que dá fruto.

e) Não me importo com as rimas. Raras vezes
Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra.
Penso e escrevo como as flores têm cor
Mas com menos perfeição no meu modo de
exprimir-me
Porque me falta a simplicidade divina
De ser todo só o meu exterior.

2. (PUC)
Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.

No poema, de Alberto Caeiro,
a) a visão de mundo não se confunde com a sensação de mundo.
b) a atividade mental é muito lúcida e extremamente racional.
c) o conhecimento da natureza e do mundo é obtido por meio dos sentidos.
d) o entendimento da realidade resulta do exagerado racionalismo do eu-lírico.
e) os termos "rebanho" e "pensamentos" se distanciam por força da metáfora.

3. (MACKENZIE)
Nunca a alheia vontade, inda que grata,
Cumpras por própria. Manda no que fazes,
Nem de ti mesmo servo.
Ninguém te dá quem és. Nada te mude.
Teu íntimo destino involuntário
Cumpre alto. Sê teu filho.
Fernando Pessoa

Assinale a alternativa correta.
a) A métrica desses versos tem o papel de ajudar a construir o significado de desestabilização emocional subjacente a todo o poema.
b) “A alheia vontade”, sujeito sintático de “nunca cumpras”, aponta para o que deve ser evitado na busca da própria soberania.
c) A relação “eu/tu” estabelece-se num tom de orientação construído pela predominância dos verbos no imperativo.
d) A organização do poema em versos decassílabos e hexassílabos constrói um ritmo irregular, impróprio para veicular verdades acabadas.
e) Os dois últimos versos questionam a fatalidade e subvertem o individualismo proposto desde o início.

4. (MACKENZIE)
O poeta ligado ao sentimento nacionalista que tomou conta de Portugal em meio às crises do primeiro período republicano, responsável por Mensagem, obra que retomou a formação de sua pátria, a identificação com o mar, o sonho de um império grande e forte foi:
a) Alberto Caeiro.
b) Ricardo Reis.
c) Mário de Sá-Carneiro.
d) Fernando Pessoa ele mesmo.
e) Álvaro de Campos.

5. (UNIFESP)
Considere os fragmentos a seguir.
Texto I
Ao longo do sereno
Tejo, suave e brando,
Num vale de altas árvores sombrio,
Estava o triste Almeno
Suspiros espalhando
Ao vento, e doces lágrimas ao rio.
Luís de Camões. Ao longo do sereno.

Texto II
Bailemos nós ia todas três, ay irmanas,
so aqueste ramo destas auelanas
e quen for louçana, como nós, louçanas,
se amigo amar,
so aqueste ramo destas auelanas
uerrá baylar.
Aires Nunes. In: Nunes, J.J., Crestomatia arcaica.

Texto III
Tão cedo passa tudo quanto passa!
morre tão jovem ante os deuses quanto
Morre! Tudo é tão pouco!
Nada se sabe, tudo se imagina.
Circunda-te de rosas, ama, bebe
E cala. O mais é nada.
Fernando Pessoa. Obra poética.

Texto IV
Os privilégios que os Reis
Não podem dar, pode Amor,
Que faz qualquer amador
Livre das humanas leis.
Mortes e guerras cruéis,
Ferro, frio, fogo e neve,
Tudo sofre quem o serve.
Luís de Camões. Obra completa.

Texto V
As minhas grandes saudades
São do que nunca enlacei.
Ai, como eu tenho saudades
Dos sonhos que nunca sonhei!...
Mário de Sá-Carneiro. Poesias.

Assinale a alternativa que contém textos de autoria de poetas do Modernismo português.
a) I e V.
b) II e III.
c) III e IV.
d) III e V.
e) IV e V.

6. (FUVEST)
Já vai andando a récua dos homens de Arganil, acompanham-nos até fora da vila as infelizes, que vão clamando, qual em cabelo, Ó doce e amado esposo, e outra protestando, Ó filho, a quem eu tinha só para refrigério e doce amparo desta cansada já velhice minha, não se acabavam as lamentações, tanto que os montes de mais perto respondiam, quase movidos de alta peidade [...].

Em muitas passagens do trecho transcrito, o narrador cita textualmente palavras de um episódio de Os Lusíadas, visando a criticar o mesmo aspecto da vida de Portugal que Camões, nesse episódio, já criticava. O episódio camoniano citado e o aspecto criticado são, respectivamente:
a) “O Velho do Restelo”; a posição subalterna da mulher na sociedade tradicional portuguesa.
b) “Aljubarrota”; a sangria populacional provocada pelos empreendimentos coloniais portugueses.
c) “Aljubarrota”; o abandono dos idosos decorrente dos empreendimentos bélicos, marítimos e suntuários.
d) “O Velho do Restelo”; o sofrimento popular decorrente dos empreendimentos dos nobres.
e) “Inês de Castro”; o sofrimento feminino causado pelas perseguições da Inquisição.

7. (UFU) Compare as seguintes estrofes.

Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)

[...]
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassossegos grandes.
Ricardo Reis/Fernando Pessoa.

Enquanto pasta alegre o manso gado,
Minha bela Marília, nos sentemos
À sombra deste cedro levantado.
Um pouco meditemos
Na regular beleza,
Que em tudo quanto vive nos descobre
A sábia natureza.
Tomás Antônio Gonzaga.

Marque a alternativa incorreta:
a) Ricardo Reis e Tomás Antônio Gonzaga são considerados neoclássicos porque resgatam elementos da tradição literária greco-romana. Uma das características do neoclassicismo é tomar a natureza como modelo, procedimento observado nos versos destes poetas.
b) Os poetas sentam-se e meditam à beira do rio e à sombra do cedro. Ricardo Reis e Tomás Antônio Gonzaga valem-se desses elementos, rio e cedro, como imagens comparativas do fluir incessante da vida.
c) Ricardo Reis trabalha com a consciência da efemeridade da vida: tudo é breve. Dessa consciência, surge a necessidade de se aproveitar o tempo presente (carpe diem), convite que o poeta faz à amada.
d) Aproveitar o tempo, para Ricardo Reis, é simplesmente viver, deixar a vida decorrer, sem nada desejar, como se percebe no verso Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.

8. (MACKENZIE) Leia com atenção o texto a seguir.

Se, porém, o dito Deus, não fazendo caso de recomendações, persistisse no propósito de vir até aqui, sem dúvida, acabaria por reconhecer como, afinal, é tão pouca coisa ser-se um Deus, quando, apesar dos famosos atributos de onisciência e onipresença, mil vezes exaltados em todas as línguas e dialetos, foram cometidos, no processo da criação da humanidade, tantos e tão grosseiros erros de previsão, como foi aquele, a todas as luzes imperdoável, de apetrechar as pessoas com glândulas sudoríparas, para depois lhes recusar o trabalho que as faria funcionar – as glândulas e as pessoas.
José Saramago.

A partir do texto, observe as seguintes afirmações.
I. A onisciência e a onipotência de Deus são indiscutíveis, posto que toda a humanidade já as exaltou.
II. Na criação da humanidade, foram cometidos alguns erros de previsão, depois corrigidos à luz da evolução do próprio homem.
III. O homem só se realiza por meio do trabalho e, por isso, é inadmissível que este lhe seja negado.

Assinale:
a) se todas estão corretas.
b) se apenas I está correta.
c) se apenas III está correta.
d) se todas estão incorretas.
e) se apenas II está correta.


9. (UFRS) Leia o texto abaixo.

Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move.
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor.

A leitura do texto nos permite concluir que Fernando Pessoa fala pela voz de:
a) Ricardo Reis, por remeter a temas e formas da poética clássica.
b) Alberto Caeiro, pelo tratamento simples da natureza com a qual se sente intimamente ligado.
c) Álvaro de Campos, que representa o mundo moderno e a vanguarda futurista.
d) Pessoa, ele mesmo, por expressar traços marcantes da poesia do século XX.
e) Bernardo Soares, por adotar uma atitude intimista.

 10. (UFJF) Uma estrofe famosa do poema Autopsicografia, de Fernando Pessoa, é:

O poeta é um fingidor./ Finge tão completamente/ Que chega a fingir que é dor/ A dor que deveras sente.

A partir dela e pensando na obra do poeta como um todo, é correto afirmar:
a) Fernando Pessoa, com a proposta do fingimento poético, rompe com o confessionalismo romântico.
b) somente Álvaro de Campos pode ser representante do fingimento poético, pois é um poeta futurista.
c) o fingimento poético não está presente na obra de Alberto Caeiro, pois ele é um pastor simples e sincero.
d) a única parte da obra pessoana que escapa do fingimento são os poemas de Fernando Pessoa ele mesmo.
e) Ricardo Reis, como poeta clássico, não pode ser estudado pelo fingimento modernista.

11. (FGV) Este poema integra a obra poética de Fernando Pessoa. Seu autor é um homem simples, que viveu em contato direto com a natureza; é o poeta do real sensível. Pode-se dizer que, assim, manifesta uma forma de pensar apenas diferente e não ausência de reflexão. É autor dos versos:

[...]
Que pensará isto de aquilo?
Nada pensa nada.
Terá a terra consciência das pedras e plantas que tem?
Se ela a tiver, que a tenha...
Que me importa isso a mim?
Se eu pensasse nessas coisas,
Deixaria de ver as árvores e as plantas
E deixaria de ver a Terra,
Para ver só os pensamentos...
Entristecia e ficava às escuras.
E assim, sem pensar tenho a Terra e o Céu.

Trata-se de:
a) Alberto Caeiro.
b) Ricardo Reis.
c) Bernardo Soares.
d) Fernando Pessoa, ele mesmo.
e) Álvaro de Campos.

12. (UFRS) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do texto a seguir, na ordem em que aparecem.

Ao concretizar o projeto de um poeta múltiplo, Fernando Pessoa cria ________ com diferentes _____ entre os quais Ricardo Reis e Álvaro de Campos, com obras de tendência, respectivamente, _____ e _____.

a) pseudônimos – imagens – clássica – simbolista.
b) heterônimos – linguagens – neoclássica – modernista.
c) pseudônimos – estilos – simbolista – modernista.
d) heterônimos – temáticas – romântica – futurista.
e) heterônimos – visões de mundo – surrealista – vanguardista.

13. (FAAP) Leia o texto a seguir

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha [aldeia]
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que veem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.

O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.
(Fernando Pessoa)

O autor escreveu usando, além do próprio nome, os heterônimos: ALBERTO CAEIRO é rude, simples, humilde, expansivo, satisfeito com o mundo, dando muito valor às coisas concretas: árvores, campos, casas, vales. Nada tem de filósofo ou metafísico. RICARDO REIS retoma o período greco-romano, é o poeta da temática clássica. ÁLVARO DE CAMPOS é o poeta da temática futura, "poeta sensacionalista e escandaloso". As poesias que aparecem com a assinatura de Fernando Pessoa têm uma temática de dor, ceticismo, idealismo, melancolia e tédio. Então este poema Tejo - tem a assinatura de:
a) Alberto Caeiro
b) Ricardo Reis
c) Álvaro de Campos
d) Fernando Pessoa (ele mesmo)
e) o poema não apresenta dados para conclusão

14. (UNIFESP)

A Criança que Pensa em Fadas

A criança que pensa em fadas e acredita nas fadas
Age como um deus doente, mas como um deus.
Porque embora afirme que existe o que não existe
Sabe como é que as cousas existem, que é existindo,
Sabe que existir existe e não se explica,
Sabe que não há razão nenhuma para nada existir,
Sabe que ser é estar em algum ponto


O teólogo Leonardo Boff, em entrevista à revista Filosofia, diz:
Eu me lembro agora, sábado, de um menino de oito anos, que veio e me disse: “Vô, por que as coisas existem?” A filosofia começa com isso. Respondi que elas existem porque existem. E aí até citei um poeta, Angelus Silesius: “A flor floresce por florescer / Não pergunta se a olham / E sorri pro universo. A rosa é sem porquê.” E ele disse: “E eu? O que eu faço aqui nesse mundo?” Oito anos de idade e já colocou as questões da metafísica fundamentais.

(Filosofia – ciência & vida, Ano 1, n.º 05.)


No poema de Caeiro, o ponto de vista de Silesius, com o qual concorda Boff, é

a) confirmado, pois o eu lírico entende que a existência está ligada a um deus.
b) negado, pois o eu lírico entende que se deve evitar o questionamento da metafísica.
c) negado, pois o eu lírico entende que a existência é uma grande falta de razão.
d) confirmado, pois o eu lírico entende que o existir por si só já basta.
e) negado, pois o eu lírico entende que não se apreende a realidade senão por intermédio de um deus.

15. (UNIFESP)
A Criança que Pensa em Fadas

A criança que pensa em fadas e acredita nas fadas
Age como um deus doente, mas como um deus.
Porque embora afirme que existe o que não existe
Sabe como é que as cousas existem, que é existindo,
Sabe que existir existe e não se explica,
Sabe que não há razão nenhuma para nada existir,
Sabe que ser é estar em algum ponto
Só não sabe que o pensamento não é um ponto qualquer.

(Alberto Caeiro)

Nos versos, fica evidente o perfil do heterônimo de Fernando Pessoa, Alberto Caeiro, pois ele
a) entende que o homem está atrelado a uma visão subjetiva da existência.
b) volta-se para o mundo sensível que o rodeia como forma de conceber a existência.
c) concebe a existência como apreensão dos elementos místicos e indefinidos.
d) não acredita que a existência possa ser definida em termos de objetividade.
e) busca na metafísica a base de uma concepção da existência subjetiva.

Gabarito:
1. A          2. C          3.C          4. D          5. D          6. D          7. B          8. C         9. B 
10. A       11. A          12. B         13. A          14. D          15.  B